O empresariado brasileiro sabe ou está preparado para sair do meio do olho do furacão da crise econômica para salvar seu negócio? Mais do que isso, o empresário tem feeling, bagagem e estrutura, inclusive emocional, para tomar decisões sadias e optar por caminho de sobrevivência depois que já entrou no circuito vicioso no mercado, com queda de faturamento e produção e acúmulo de dívidas?
Pois a crise, situação negativa para muitos, é exatamente o foco principal de atuação de analistas especializados. O empresário Glauco Diniz Duarte explica como funciona o serviço de diagnóstico empresarial para a reestruturação do negócio depois que a empresa entra na “UTI”.
O plano de reestruturação foca exatamente a gestão em crise. Com a crise, aperta o cerco para a dificuldade de acesso ao crédito. E no meio das dificuldades é comum ver bons negócios se perderem por falta de estratégia ou preparo.
Para tanto, Glauco cita a necessidade de quebrar paradigmas. “O empresário erra acumulando uma série de problemas de gestão, até que chega ao limite. E ele é imediatista. O empresariado nem sempre sabe dimensionar qual sua posição no olho do furacão. E sob pressão, também não tem estrutura para enxergar as saídas. A montagem do plano de reestruturação leva em conta ações específicas para os diversos subsistemas da empresa, vendas, compras, custos e despesas, gerenciamento financeiro, relacionamento com clientes e fornecedores, negociações de débitos tributários e bancários. Mas o plano também envolve a revisão dos sistemas informatizados operacionais e gerenciais.”
Glauco sustenta que é muito comum as empresas apresentarem problemas no fluxo de comunicação e no controle interno. “Ainda há muito amadorismo na ação de mercado. E também muita empresa funcionando com base no que o antepassado fez, que deu certo naquela época, mas que não está dando certo agora e o dono não enxerga para mudar, ou não quer mudar. O software de controle empresarial é algo bastante deficiente em muitos negócios. E sem dados e controle, o negócio sucumbe mesmo que seja atrativo”, afirma.
Outra “deficiência” comumente encontrada em empresas, conforme Glauco, é a ausência de estratégias de ação de curto, médio e longo prazos e de apresentação de cenários. “Se não há implantação de fluxo de caixa e software de controle como ferramenta de gestão empresarial, também não é incomum ver ausência de fluxo de caixa flexível para simular situações e apoiar nas negociações com credores”, indica.
Mas Glauco reforça: não existe receita pronta. “Para cada situação apontada no diagnóstico empresarial existe uma necessidade ideal para alavancagem do negócio. Em alguns, a necessidade é buscar capital de giro, em outros a alavanca é o fomento mercantil. O plano para tirar da UTI também exige ações em outras frentes, como repactuação com instituições financeiras para estruturar pagamentos de acordo com o fôlego de cada negócio.”
‘Investir em empresas ‘quebradas’’
O brasileiro não tem em sua cultura empresarial, e ainda em menor escala entre os trabalhadores, a estratégia de investir em empresas ou ativos que pertencem a companhias em dificuldades financeiras. Engano. Quem não sabe, deveria aprender a detectar cenários favoráveis e, com isso, ganhar um bom dinheiro. É o que garante Glauco.
“Dentro de um planejamento estratégico bem elaborado, uma alternativa interessante é a substituição do passivo a curto prazo para um passivo a longo prazo, alongando o perfil da dívida, de forma saudável, através de uma operação fácil de estruturação através da desmobilização de ativos, capital de giro com garantia imobiliária e operação através de fundos de investimentos nacionais. Mas no Brasil não há a cultura de colocar dinheiro em quem está endividado. O que é um erro. Existem opções de negócios seguros, com garantias, para investimentos em ativos em quem está em dificuldades”, sugere Glauco.