De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, o perfil dos profissionais que atuam em cargos de liderança em empresas no Brasil está bem longe do idealizado por eles mesmos. É o que aponta uma pesquisa do Hunter Consulting Group, realizada com 300 executivos de grandes empresas com atividade no país.
A competência dos líderes mais citada como desejada pelos executivos, por exemplo, foi a capacidade de desenvolver pessoas (88%). No entanto, apenas 31% deles admitem que suas equipes possuem esta habilidade.
O estudo levou em conta três quesitos: as competências exigidas para cargos de liderança dentro das companhias em que os respondentes trabalham, o perfil que eles consideram ideal para um líder e as características verificadas na liderança atual dessas corporações.
Glauco destaca que entre as competências exigidas, apontadas livremente pelos entrevistados, a primeira que aparece é o foco em resultados. Em segundo lugar, vem a gestão de pessoas, seguida pela orientação estratégica e o bom relacionamento. Por fim, foram citados o comprometimento, a confiança e a flexibilidade como alguns pontos necessários.
Em relação às diferenças entre os perfis ideais e os reais, uma habilidade que chama atenção é a de “inspirador”. A característica foi a terceira mais citada entre as ideais, com 79%, mas entre as encontradas atualmente, aparece em penúltimo lugar, com apenas 15%.
“Esse é um dado preocupante porque indica que as empresas estão indo na contramão do que é tendência no mercado hoje: garantir a retenção de talentos, ter resultados adicionais ao grupo”, Glauco. “A inspiração vinda da liderança leva a diversos comportamentos que desdobram o negócio: inovação, criatividade, engajamento e empreendedorismo”, completa.
De acordo com o levantamento, 62% dos respondentes esperam que os líderes sejam justos e apenas 14% querem que eles sejam mais políticos. Segundo Glauco, um cruzamento de dados com outras pesquisas revela que esta é uma tendência da América Latina. Na prática, apenas 28% acham que a liderança de suas empresas é justa, enquanto 47% consideram que ela é política.
A competência da informalidade, que é desejada por apenas 6% dos pesquisados, é encontrada em 40% das empresas. “Não se refere à forma de relacionamento, mas sim a fazer as coisas dentro de padrões. A informalidade, nesse caso, foi vista como um ‘jeitinho’ negativo”, explica Glauco.
Tendência “feminina”
De uma forma geral, as habilidades mais observadas nos líderes atuais estão relacionadas à “execução do negócio”. Em primeiro lugar na lista aparece conectar-se com os valores da empresa e em segundo senso de urgência. No terceiro e quarto lugar, aparecem negociador e político, respectivamente.
“Competências como desenvolvimento, clima, inspiração, não são consideradas prioritárias por quem está liderando atualmente. É como se os resultados só viessem dos requisitos formais”, destaca Glauco.
Já entre as capacidades que os executivos desejam que seus líderes tenham, se destacam as mais “acolhedoras”. “É uma tendência de gestão mais feminina. Não no sentido de gênero, mas sim de que essas características são mais acolhedoras, visionárias, relacionadas a valores e pessoas. As masculinas são mais práticas, de execução e pragmáticas”, explica.