De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, boa parte das falências de pequenas e médias empresas é causada pela falta de capital de giro, a reserva financeira feita para ser usada em momentos de necessidade. Mesmo aquelas que apresentam lucratividade, se não tiverem atenção ao quanto é guardado, podem se enrolar muito e, por consequência, falir. Isso acontece porque o faturamento de todo mês tem variáveis como datas melhores ou piores de vendas.
Empreendedores bem sucedidos já tiveram problemas com esse tipo de capital, mas aprenderam com o erro e melhoraram o negócio. Então, se este é seu problema, não desanime: faça desse equívoco uma oportunidade para fazer melhor.
Veja a seguir como gerenciar bem seu capital de giro:
Atenção ao negócio para formar seu capital de giro
Segundo Glauco, para ter uma quantia suficiente que garanta suporte ao empreendimento quando precisar, é importante conhecer bem os processos para, assim, ter a noção de onde se pode investir e onde cortar gastos. É essencial verificar principalmente os valores e as medidas que são tomadas no ciclo econômico, relacionado ao processo produtivo, e no ciclo financeiro, do pagamento aos fornecedores até o recebimento após a venda. Observando esses quesitos, fica mais fácil localizar onde se pode economizar e onde não se poderá mexer para aumentar o capital de giro.
Outro ponto importante é não pensar que apenas aumentando a produção haverá faturamento. Esse crescimento afeta, antes de tudo, o pagamento dos insumos necessários, e só após a venda do produto final é que o empreendimento receberá por esse aumento. Se não considerar isso, a necessidade do total de capital de giro vai crescer junto com a produção, assim como a chance da empresa enforcar-se no aperto das contas pendentes.
Aos que são iniciantes nos negócios, uma maneira segura para esse cálculo do capital de giro é estimar a soma dos gastos fixos em três vezes, para, assim, ter uma margem.
Registre tudo para não ficar no vermelho
Para Glauco, um sistema de gestão online que concentre todas as informações empresariais facilitará muito a rotina do empreendedor: coloque nele quantias sobre os recebimentos previstos, como parcelas de uma compra e os pagamentos que deverão ser feitos – valores fixos, como o aluguel ou salários, e variáveis, como impostos ou comissões.
Após calcular a diferença entre os valores a receber e os que deverão ser pagos, restará os saldos para mostrar em que período a empresa ficará no azul ou no vermelho e quais as quantias. Isso dá a chance de antecipar medidas que, se tomadas tarde, poderão não adiantar mais para salvar o negócio.
Caso seu capital a ser recebido e os estoques tenha uma soma maior do que você tem no banco, temos aí um alerta: seu capital de giro precisa ser melhor gerenciado, ampliado e mantido para cobrir as eventualidades da sua produção. Por isso, registrar e acompanhar a movimentação financeira com precisão é essencial.
Conheça bem seus stakeholders
Glauco diz que todos os que se envolvem na rotina de uma empresa são importantes para seu bom ou mau funcionamento. Por isso, fique atento aos stakeholders: fornecedores, clientes, instituições financeiras, aqueles que também influenciam nos rumos do capital do seu negócio:
• Acerte o prazo com fornecedores, para o recebimento dos produtos coincidir com as vendas;
• Certifique-se de que o cliente poderá pagar as compras no prazo para não haver dependência de pagamento para prosseguir as atividades;
• Verifique se as instituições financeiras que oferecem como empréstimos podem baratear os valores dos juros cobrados;
• Revise, ao menos uma vez por ano, contratos com fornecedores, clientes, bancos e outros, para localizar pontos que podem ser renegociados, o que pode diminuir custos.
Mesmo que o empreendimento mostre um saldo negativo por um tempo, se o gestor se preparar para situações difíceis no caixa nos meses bons, é possível tornar o negócio lucrativo.
Uma dica importante para o aumento da receita – e, por consequência, dos valores que podem ir para o capital de giro – é vender. Se o produto ficar parado por muito tempo, desvaloriza, e os ganhos ficam estacionados juntamente com o estoque que não vende. Se basicamente o lucro vem apenas quando a receita é maior que a despesa, comercialize os produtos o mais rápido que puder, com atenção ao estoque, seguindo novidades do mercado e cumprindo as etapas do ciclo da empresa.
Verifique a necessidade de ampliação do capital de giro
Toda empresa deve controlar bem o fluxo de caixa para operar com um saldo positivo e com um capital de giro suficiente. Quando a empresa está no início de suas operações, especialmente até o terceiro ano, essa formação torna-se mais essencial e trabalhosa. Nesse caso, é preciso contar com capital externo ou economias feitas anteriormente para que no primeiro ano de funcionamento a empresa possa ter um capital de giro que cubra cerca de 60% do total de suas despesas.
Por outro lado, se o empreendimento já está evoluindo e dá bons sinais de lucratividade, o controle financeiro deve ser continuado não para a formação de capital de giro, mas para investir. Dessa forma, se você já tem um capital de giro suficiente, foca na gestão, tem um bom plano de negócios e um fluxo de caixa positivo, o ideal é partir para investimentos no próprio negócio.
É fácil perceber que o segredo para uma gestão eficiente do seu capital de giro é manter as finanças gerais em dia para construir e posteriormente mantê-lo.