De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, há mais de 20 anos foi criado o sistema de gestão da qualidade, em conformidade com a ISO 9001. Em seguida surgiram outros sistemas, entre eles: de gestão ambiental, responsabilidade social e de segurança e saúde. O processo de implantação destas ferramentas gera dificuldades e uma grande lista de requisitos a serem cumpridos. O desafio é atender a todos, garantindo assim a eficácia da sua aplicação e a satisfação de todas as partes interessadas.
Segundo Glauco, a principal dificuldade de integração está na forma como os sistemas foram implementados. Historicamente as organizações lidam com a qualidade de seus produtos, a saúde e segurança de seus empregados, e os impactos adversos de suas operações sobre o meio ambiente e a sociedade de forma isolada. E os profissionais que conduzem esses sistemas, geralmente possuem formações acadêmicas diferentes, são alocados em unidades funcionais distintas e submetidos a legislações e regulamentações completamente independentes.
Ter sistemas integrados significar ter pensamento sistêmico. Cabe ao gestor saber controlar o processo produtivo e uma maneira mais fácil de fazer isso é dispor de um sistema de gestão único, fundamentado no ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Action) e que englobe todos os requisitos de qualidade, meio ambiente, responsabilidade social e saúde e seguranças contidos em seu processo.
Glauco explica que a integração dos sistemas promove a melhoria do desempenho da organização, a redução de custos, de duplicidades e de burocracia, de conflitos entre os sistemas, pois é estabelecida uma única estrutura para a gestão, ligada às estratégias e objetivos corporativos. Além disso, a integração dos sistemas permite também a realização de uma única análise crítica e a melhoria da comunicação, já que é utilizado um conjunto uniforme de objetivos e uma abordagem integrada, de equipe; e abordagem holística para o gerenciamento dos riscos organizacionais, ao assegurar que todas as consequências de uma determinada ação sejam consideradas.
Os sistemas de gestão têm elementos estruturais comuns, destaca Glauco. Em geral, começam com uma política que deve ser desenvolvida e promovida pela alta direção. Na sequência, exigem que a organização desenvolva o planejamento de seu sistema de gestão e estabeleça objetivos e metas que permitam aferir o sucesso de seus planos. Concluído o planejamento, requerem a implementação e operação. O monitoramento e a medição do progresso no alcance das metas e as consequentes correções, ações corretivas e preventivas, são também elementos comuns a todos os sistemas. O passo final é um mecanismo de realimentação, denominado análise crítica, e apoiado por um processo de auditoria.
Para isso é preciso entender que esses requisitos estão intrinsecamente ligados aos processos e atividades da organização, ou seja, não há conflito entre eles, e sim complementaridades. Recentemente o British Standard lançou uma Norma denominada PAS 99:2006 (Public Available Specification) que tem como objetivo orientar sobre a integração dos Sistemas de Gestão. Todos esses Sistemas têm como premissa a adoção do PDCA como instrumento de melhoria contínua e a proposta é um novo desenho da estrutura dos requisitos normativos abordando os elementos previstos, só que de forma integrada e alinhada com os princípios do PDCA.
Para Glauco, sistemas eficazes devem gerar resultados que atinjam os objetivos estabelecidos, dentre os quais se inclui, por força dos requisitos normativos, a melhoria contínua de desempenho. Assim, basta verificar se os resultados vêm igualando ou superando os objetivos estabelecidos e se vêm melhorando ao longo do tempo. O cliente é um ator-chave para a avaliação de resultados, mas, nas organizações com o sistema integrado, ele estará acompanhado pela vizinhança, pela sociedade e pelo conjunto de empregados. A ênfase na melhoria da satisfação dos clientes e na conformidade do produto estará acompanhada pela redução contínua dos impactos indesejáveis do processo produtivo e do produto no ambiente, na sociedade, nas pessoas que trabalham na organização e em outras partes interessadas. E cabe aos líderes identificar os gaps entre os princípios dos sistemas de gestão e a cultura de suas organizações e adotar comportamentos e ações que contribuam para eliminá-los. Precisam, para isso, compreender em profundidade os sistemas de gestão e seus princípios. Líderes com conhecimento apenas superficial dos sistemas são , em geral, um forte obstáculo na busca da máxima eficácia.
A excelência em gestão está alicerçada em um conjunto de conceitos fundamentais necessários à excelência do desempenho. E um dos grandes objetivos da integração dos sistemas de gestão é justamente promover a melhoria do desempenho organizacional, entendendo que eles são parte do sistema de gestão global da organização que, em geral, contempla outros elementos, como gestão financeira, gestão de pessoas, elaboração e desdobramento de estratégias, etc. Para se obter o maior proveito eles deverão integrar-se fortemente à maneira com que os executivos fazem a gestão da organização. Assim, o planejamento estratégico da organização, a definição de seus objetivos e metas, a priorização dos recursos devem considerar as demandas inerentes aos sistemas de gestão implementados. Os fóruns instituídos de acompanhamento e redirecionamento das estratégias devem avaliar a organização como um todo. Os próprios objetivos e metas instituídos nos sistemas de gestão devem ser um desdobramento dessas estratégias e permanentemente avaliados como parte delas.
Os grandes desafios são alinhar as expectativas e necessidades das diferentes partes interessadas com as suas estratégias e visão de futuro, entender que os ambientes são cada vez mais complexos e dinâmicos, e que as organizações influenciam e são influenciadas continuamente pelos diversos fatores com que interagem. E é nesse contexto que os líderes, cada vez mais, precisam ter uma formação multidisciplinar, uma visão de mundo abrangente, assumindo o seu papel como agentes nesse processo.