Toda organização tem um modelo de gestão. Algumas procuram esclarecer e explicitar o seu, para obter ganhos de desempenho, para cumprir exigências legais ou para se ajustar às práticas da governança e da excelência corporativa.
De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, não basta agradar ao cliente – é necessário dispor de sistemas que amparem a manutenção e o crescimento do negócio. Nas organizações de todos os tamanhos, esse é o papel do modelo de gestão. Os romanos, pioneiros das grandes corporações empresariais, tinham seu modelo. Consistia principalmente em doutrinas de expansão e ocupação de territórios, estruturas organizacionais e processos de formação de executivos. Como um Santo Graal da gestão, a fórmula romana ficou esquecida por mil anos, até que um gênio do mundo dos negócios, Pierre du Pont, desenvolveu um conjunto de ferramentas gerenciais para a companhia que leva seu nome, criando com isso uma tendência. No início do século XX, du Pont formatou um sistema que compreendia práticas de planejamento estratégico (chamadas na época de políticas de negócios), métodos de avaliação do retorno sobre investimento, carreiras executivas, comitês de assessoria e uma sólida estrutura organizacional, entre outros componentes.
Era e continua sendo uma concepção avançada, que marcou o surgimento da moderna corporação de grande porte. O negócio da empresa e seu modelo de gestão permitiram a du Pont angariar o cacife suficiente para comprar a então falida General Motors e nomear Alfred Sloan para dirigi-la. Sloan aprimorou o modelo da DuPont na GM, em que implantou os conceitos de unidades de negócios, administração por objetivos e descentralização de operações. Em um processo de evolução, essas ideias juntaram-se às técnicas de eficiência e qualidade e, já no limiar do século XXI, finalizaram o modelo de gestão da “empresa de classe mundial”.Não há um modelo universal, que sirva para todas as empresas. Há, no entanto, uma busca contínua do entendimento dos elementos comuns aos modelos das organizações de melhor desempenho. Esses elementos são combinados de diferentes maneiras, com diferentes graus de abrangência, nos modelos específicos de cada empresa. Também não há dois modelos idênticos.
Quais são esses elementos?Doutrina – Os modelos de gestão têm por base um conjunto de princípios ou valores, que variam de um caso para outro e focalizam aspectos particulares do desempenho da empresa. Eficiência e redução de custos, sobrevivência no longo prazo, profissionalização dos quadros gerenciais e promoção da inovação são aspectos frequentemente valorizados.
Segundo Glauco, muitas organizações da atualidade, por exemplo, baseiam sua competitividade na eficiência dos processos produtivos.
Estratégia – Os modelos de gestão incorporam uma clara visão do futuro da empresa, seja em termos da direção que os negócios deverão seguir, seja em termos de projetos para sustentá-los, com metas precisas de qualidade, prazo e custos. Empresas de energia e da indústria automobilística, assim como alguns institutos de pesquisa e universidades, por exemplo, têm estratégias e projetos bem definidos para uma transição para a economia.
Ferramentas gerenciais – As ferramentas gerenciais têm natureza operacional e traduzem as doutrinas e estratégias em termos de ação prática. Estruturas organizacionais, práticas de planejamento e controle, gerenciamento de projetos, técnicas de aprimoramento contínuo de processos e produtos, qualidade e produtividade são alguns dos componentes dessa categoria.
Indicadores de performance – Os indicadores de performance dos modernos modelos de gestão abrangem, em geral, seis dimensões ou perspectivas: resultados para o acionista, satisfação dos clientes, satisfação dos funcionários, eficiência dos processos, responsabilidade social e aprendizagem e crescimento. Desde os anos 80, algumas instituições vêm trabalhando para orientar as empresas no aprimoramento de seus modelos de gestão.