De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, falar em mudança de cultura no mundo dos negócios exige análise preliminar sobre em que setor a empresa atua, se há liquidez de recursos financeiros, qual o grau de tecnologia empregada com maquinários (no caso do setor industrial) e de gestão, o nível de formação de seus quadros e ainda, a dinâmica e abrangência do mercado, logística, interatividade com o consumidor e versatilidade das ferramentas para facilitar acordos comerciais de compra e venda.
Evidentemente, quanto mais competitivo o setor, maior é a exigência de mecanismos para reduzir custos, aumentar a produtividade, identificar tendências e descobrir nichos. Os indicadores, nesse caso, são vitais. Trata-se portanto de mercados de ponta em que somente os empreendedores mais habilidosos e dispostos a desafios permanentes sobrevivem. Geralmente são aqueles vocacionados para viver sob pressão constante e que absorvem rapidamente conceitos que possam resultar em experiências de gestão inovadoras.
Segundo Glauco são setores que pagam maiores salários e, por isso, atraem profissionais mais qualificados e ambiciosos. Por essa mesma razão, o grau de mobilidade da equipe é maior e a retenção dos melhores quadros está diretamente relacionado a vantagens objetivas, de preferência financeiras, com a contrapartida do desempenho nos resultados, que justifica as vantagens. Sem essa mão dupla, não há conversa.
Pelo lado oposto, destaca Glauco, temos atividades de menor concorrência cuja expertise para a gestão permite ainda a preservação de recursos tradicionais, como a centralização das decisões, relações familiares, protecionismo e acordos que fogem do limite da lógica moderna de gestão. São setores de baixa permeabilidade a conceitos novos de gestão que possam colocar em risco as relações consolidadas na base do compadrismo e de relações políticas.
Entre os dois extremos está o mundo do mercado em que a maioria de nós vivemos. Onde se mescla elementos dos dois extremos e se exercita diariamente avanços para acompanhar as mudanças exigidas para se sobreviver em uma realidade que não é mais previsível como outrora. É também nesse campo que atuam a maioria dos gestores, considerados os profissionais que estudam a percepção da velha guarda, compreende a angústia da nova geração, se aprofunda nas ferramentas de gestão que podem ser mais facilmente aplicadas e tentam fazer esse equilíbrio, para que o avanço se dê sem rupturas.
Glauco diz que nem sempre isso é possível e em algum momento precisam falar grosso para dar uma chacoalhada na percepção dos empreendedores, visando um salto de qualidade, que estabeleça novos patamares de convivência entre a direção da empresa com sua equipe, para que se aproprie dos mecanismos de controle e que orientam para mudanças. Estamos falando de mudanças que, apesar de parecerem óbvias, se desenvolvem de formas sutil na consciência das pessoas. Porque não existe uma ação única capaz de garantir que essas mudanças culturais façam o negócio acontecer como se imagina.
Uma série de ações diárias, contínuas e com muita disciplina é o caminho para essa transformação. Isso exige muito das lideranças em fazer a leitura correta do dinamismo do mercado. Antes, é preciso coragem e determinação. Porque, de fato, são mudanças que tocam na raiz do problema, mas sem as quais não há como preparar um negócio, mesmo que promissor, para o amanhã.