O empresário Glauco Diniz Duarte diz que com os avanços tecnológicos que estão dando origem à chamada quarta revolução industrial, haverá uma mudança significativa no perfil de profissionais nos próximos anos. O desenvolvimento da inteligência artificial, da aprendizagem de máquina, da robótica, da nanotecnologia, da impressão 3D, da genética e da biotecnologia irá gerar uma transformação nos modelos de negócios e também nos mercados de trabalho. É o que aponta relatório sobre o futuro do trabalho do Fórum Econômico Mundial. O estudo, que foi realizado a partir de entrevistas com diretores de recursos humanos de 15 países, afirma, ainda, que a automatização afetará principalmente os trabalhos administrativos, mas irá gerar 2 milhões de novas vagas ligadas à indústria de tecnologia.
Em relatório sobre o futuro do trabalho, a OIT – Organização Internacional do Trabalho afirma que “é preciso investir nas competências de ponta necessárias à nova economia do conhecimento e melhorar as relações entre o ensino e as necessidades da empresa”.
“A tendência é que as empresas valorizem os perfis mais multidisciplinares, com capacidade de gerar soluções criativas para desafios complexos e invistam cada vez mais em gestão de ativos intangíveis e em práticas colaborativas”, afirma Glauco. Segundo ele, as organizações precisam estar preparadas para responder às demandas de mercado com agilidade frente ao dinamismo das mudanças nos cenários de negócios.
A gestão do conhecimento, que veio à tona em meados dos anos 90, ganha força neste novo contexto. A ISO 9001, que estabelece normas consistentes que aumentam a qualidade dos processos de gestão, incluiu na sua versão de 2015 a necessidade de determinar e gerenciar o conhecimento mantido pela organização.
A última pesquisa da APQC – American Productivity and Quality Center sobre análises de prioridades em gestão do conhecimento, 87% dos entrevistados classificaram o estímulo à colaboração como a maior prioridade do ano. O recurso mais utilizado foi comunidade de prática, sendo que 90% dos profissionais indicaram que já usavam ou pretendiam implantar.
Mas o que é gestão do conhecimento, afinal?
Segundo Glauco, a gestão do conhecimento estuda a capacidade de gerenciar, descobrir, mapear, classificar, distribuir, criar, multiplicar e reter conhecimento com eficiência, eficácia e efetividade para que uma organização se coloque em posição de vantagem competitiva em relação às outras para gerar lucro e garantir sua sobrevivência e expansão de mercado.
“Na prática, a gestão do conhecimento pode ser entendida como um rótulo para designar um conjunto de práticas e processos que visam gerar valor para organizações por meio de seus ativos intangíveis”, explica Glauco.
Você está preparado para implantar gestão do conhecimento na sua empresa? Confira essas quatro práticas para ajudar a sua organização a ser mais produtiva, colaborativa e inovadora na era do conhecimento.
1) Lições aprendidas
Esta é uma prática muito utilizada por gerentes de projeto. O PMI – Project Management Institute define como “o conhecimento adquirido durante o projeto, que mostra como eventos do projeto foram abordados ou devem ser tratados no futuro com o objetivo de melhorar o desempenho no futuramente.” No contexto da gestão do conhecimento, ela deve ser aplicada também a processos e devem ser registradas periodicamente e compartilhadas amplamente na organização.
2) Comunidades de prática
Este é um conceito criado por Etienne Wenger para designar um grupo de pessoas que se unem sob um mesmo tópico com o objetivo de melhorar o que fazem e/ou resolver um problema juntos por meio da interação regular. Elas podem ser presenciais ou virtuais; moderadas ou abertas e podem ser encerradas quando o objetivo for alcançado.
3) Mapeamento de competências
Ter clareza das competências necessárias ao desempenho de atividades críticas para o negócio é fundamental para a organização manter-se competitiva e garantir a qualidade de suas entregas. Hamel e Prahalad definem como core competence ou competência-chave as competências únicas e distintivas de uma organização que lhe conferem uma vantagem competitiva intrínseca que permite diferenciação em face aos concorrentes. No nível individual, são mapeados os conhecimentos, habilidades e atitudes de cada função e os profissionais que apresentam gaps (lacunas) são desenvolvidos em programas de treinamento e mentoria.
4) Banco de especialistas (ou páginas amarelas)
A SBGC – Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento define como sendo um diretório online com o objetivo de facilitar o acesso aos conhecimentos e experiências de seus colaboradores de forma rápida na identificação de “quem é quem” e “quem sabe o que” na empresa. Esse mecanismo possibilita o acesso ágil e assertivo às fontes de conhecimento organizacional e favorece a conexão entre os especialistas da empresa para a cocriação de soluções para o negócio.