O empresário Glauco Diniz Duarte diz que a adoção de novas soluções e tecnologias ligadas a Internet das Coisas, Inteligência Artificial e, mais recentemente, o Blockchain tem despertado o interesse dos executivos de TI. Algumas empresas já iniciaram ações para implementar essas soluções no curto/médio prazo.
Boa parte dessas empresas consideram os dados como elementos cruciais em suas estratégias. Afinal, se a qualidade dos dados não for satisfatória, as informações serão incompletas, conflituosas, caras e inconsistentes, trazendo enormes transtornos ao cumprimento das estratégias.
Dados são considerados ativos, e como tal, devem ser gerenciados. Este clichê, muito comum na década de 90, retornou com força total nos últimos anos, quando surgiram os primeiros projetos de Big Data, Analytics e Transformação Digital. Contudo, destaca Glauco, algumas dessas iniciativas não alcançaram o êxito esperado, pois a baixa qualidade dos dados comprometia tanto o desenvolvimento dos projetos, quanto o resultado final, com as soluções já em ambiente produtivo. Afinal, sem o estabelecimento de uma gestão efetiva dos dados, não há como esperar uma boa qualidade dos mesmos.
Com o objetivo de antecipar a identificação deste tipo de problema, Glauco elaborou uma lista com os principais sintomas observados quando uma empresa não possui uma Gestão de Dados eficiente. São eles:
1º – As áreas de negócio da empresa não participam da Gestão dos Dados: Uma das premissas fundamentais da Gestão de Dados é a gestão compartilhada dos dados entre a TI e as Áreas de Negócio. Para isso, é fundamental que profissionais das Áreas de Negócio atuem e sejam formalmente reconhecidos como os representantes de suas áreas nessa gestão. Além disso, a existência de estruturas de apoio à Governança de Dados como, por exemplo: Comitê Executivo e Comitês Táticos de Gestão de Dados colaboram para o amadurecimento desta prática na empresa.
Se as ações para a Gestão de Dados não levam em conta a participação das áreas de negócio, certamente, os dados não estarão totalmente alinhados com as necessidades estratégicas da empresa.
2º – As definições dos conceitos de negócio não são homogêneas na empresa: O estabelecimento de um Glossário de Termos, com as definições dos principais conceitos de negócio, disseminados e compreendidos uniformemente por todos os colaboradores da empresa é uma das primeiras ações a ser tomada quando a Gestão de Dados é implementada.
A ocorrência de diferentes definições para conceitos comuns ao negócio, indica que a organização não priorizou o estabelecimento de um vocabulário único, sem ambiguidades, constituído pelos principais conceitos de negócio.
Termos de negócio com definições não homogêneas acabam por gerar diferentes expectativas, regras e ações para um mesmo propósito. Em alguns casos, novos silos de dados são construídos, trazendo enormes prejuízos para a empresa.
3º – As regras sobre os dados não existem ou não são totalmente conhecidas: As políticas de dados são documentos específicos, definidos de forma consensual por TI e Negócio. Visam estabelecer as principais regras e direcionamentos sobre o uso e a gestão dos dados na organização. Ou seja, juntas formam a “regra do jogo”, a “constituição” dos dados da empresa. Devem ser constantemente revisadas e publicadas para todos os envolvidos nas atividades com os dados.
A ausência ou desconhecimento dessas políticas trazem enormes instabilidades e incertezas para os envolvidos nas especificações, implementações e demais utilizações dos dados no ambiente corporativo.
4º – Ausência de uma Arquitetura de Dados Corporativa: Em um mundo cada vez mais integrado, a necessidade de desenvolver soluções aderentes ao modelo arquitetural da organização é crucial. Desta forma, as empresas estarão aptas a prover mudanças na velocidade determinada pelo negócio.
A ausência de modelos de dados corporativos, alinhados à estratégia da empresa e elementos das demais arquiteturas como processos, aplicações e tecnologias, indica que a empresa não possui uma Arquitetura de Dados estabelecida.
Desta forma, em vez de desenvolver as aplicações orientadas a arquitetura, a empresa desenvolve de forma arcaica, orientada a demanda, levando em conta somente os requisitos de uma única área de negócio ou demandante, muitas vezes a “toque de caixa”, sem uma visão abrangente do conjunto de negócios, processos e tecnologias que devem ser considerados em uma solução global, flexível e definitiva.
5º – A empresa possui ferramentas para apoiar a Gestão de Dados, porém ainda não são plenamente utilizadas: É fato que sem o apoio das ferramentas, algumas funções da Gestão de Dados são prejudicadas, incluindo a Qualidade de Dados e o Gerenciamento dos Dados Mestres (MDM). Entretanto, ao iniciar o processo de aquisição de uma ferramenta, é importante que a empresa já tenha estruturado um trabalho para implementar alguns princípios básicos da Gestão de Dados.
Sem isso, encontraremos cenários onde a ferramenta foi instalada, porém sua utilização esbarrou em problemas típicos como: falta de definição das regras e critérios para qualidade dos dados – ausência dos gestores (responsáveis) das informações, incompatibilidades tecnológicas, etc.
De forma geral, destaca Glauco, o processo para aquisição dessas ferramentas é bastante longo. Portanto, se a empresa começou a pensar na aquisição de uma ferramenta, ainda há tempo suficiente para estruturar minimamente uma Governança de Dados, a fim de orientar a escolha e adoção das ferramentas adequadas.
Chegamos em um estágio onde poucos projetos falham em razão do conhecimento tecnológico, porém ainda temos o péssimo hábito de negligenciar considerações ligadas à Gestão e aos Negócios. A Gestão de Dados, compartilhada entre TI e Negócio, estabelece as condições necessárias para que as empresas consigam extrair o real valor dos dados, transformando os mesmos em sabedoria empresarial.