GLAUCO DINIZ DUARTE – Por que carros a diesel são mais caros?
Por que carros a diesel são mais caros? A motorização a diesel não é tão vista em automóveis 0 km no mercado brasileiro como em países da Europa, por exemplo, devido à legislação nacional. Por outro lado, esse tipo de mecânica é praticamente um requisito de boa parte dos consumidores de picapes e também de SUVs e, mais recentemente, de alguns crossovers.
Um carro a diesel costuma oferecer maior desempenho, menor consumo de combustível e maior robustez. Por outro lado, ele é bem mais caro que uma versão equivalente com motor flex e os custos também são mais elevados. Mas você sabe os reais motivos que influenciam nessas diferenças de preços?
Por que um carro a diesel é mais caro que um modelo flex?
São diversas as variáveis que influenciam no preço final de um automóvel no mercado brasileiro. É claro que numa dessas você já deve ter imaginado no gordo lucro dos fabricantes e, sobretudo, na elevada carga tributária que avassala os preços praticados por empresas que atuam nos mais diversos setores. Entretanto, no caso de um automóvel com motorização turbodiesel, há alguns outros fatores que influenciam para que ele seja bem mais caro que um modelo equivalente com propulsor flex convencional.
Para se ter uma ideia, a Fiat Toro, que se posiciona como o segundo modelo mais vendido entre as picapes no mercado nacional, está disponível na versão Volcano topo de linha com motor 2.4 litros flex, câmbio automático de nove velocidades e sistema de tração dianteira, pelo preço de R$ 115.690. Esta mesma versão de acabamento pode ser encontrada com o propulsor 2.0 litros turbodiesel, transmissão automática de nove marchas e tração nas quatro rodas por “módicos” R$ 142.990. Ou seja, a Fiat oferece praticamente o mesmo carro por R$ 27,3 mil a mais devido ao conjunto mecânico.
Um dos fatores que motivam o preço mais alto da Toro é o motor de concepção mais sofisticada. O propulsor turbodiesel que equipa a picape compacta/média da Fiat é dotado de duplo comando no cabeçote, turbocompressor, injeção direta de combustível e taxa de compressão de 16,5:1, além da tração nas quatro rodas. Por outro lado, a unidade flex ostenta comando de válvulas simples no cabeçote, aspiração natural, alimentação por injeção multiponto e taxa de compressão de 11,8:1, sendo que neste caso há tração somente nas rodas dianteiras.
Por conta de parte dessas características, um motor a diesel consegue proporcionar acelerações mais fortes e também um baixo consumo de combustível. Além disso, na maioria das vezes, os carros a diesel costumam emitir menos poluentes que um modelo equivalente movido a gasolina e etanol, visto que eles são dotados de catalisadores e filtros – a ideia de que carros a diesel poluem bem mais é decorrente dos modelos mais antigos e antiquados, que podem poluir mais do que 20 veículos modernos a diesel.
Além disso, um veículo a diesel é dotado de componentes mais robustos e com mais tecnologia embarcada. Como exemplo, a taxa de compressão é definida pela relação entre a cilindrada e o volume da câmara de combustão, ou seja, para alcançar uma maior pressão, é necessário um maior reforço, sobretudo no bloco da unidade. Isso acaba influenciando diretamente nos custos de produção do modelo, afetando, obviamente, o preço final praticado pelas fabricantes aos consumidores.
Dá para citar ainda a tal lei da oferta e da procura. Sobretudo no segmento de picapes, os modelos com motorização a diesel são mais requisitados que as versões bicombustíveis. Por conta disso, as montadoras acabam aproveitando para aumentar ainda mais a margem de lucro. Afinal, se os consumidores estão realmente dispostos a pagar algumas dezenas de reais para levar a robustez, economia e potência e torque extras proporcionados pelo motor a diesel, porque não cobrar um valor ainda maior por esses modelos? Tal prática pode ser notada também nos constantes aumentos aplicados pelas empresas, sobretudo nos carros mais vendidos.
A lei da oferta e a procura influencia também no preço dos carros a diesel entre os seminovos e usados, visto que esses modelos costumam desvalorizar menos que as versões a diesel.
Por último, mas não menos importante, a carga tributária é ainda maior para um veículo com motor a diesel. A alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) é de 13% para carros com motor a gasolina e pode chegar a 25% nos automóveis com motorização turbodiesel e até seis lugares.
Quais as diferenças de preços entre um modelo flex e um a diesel?
Como comparamos anteriormente, uma Fiat Toro a diesel é R$ 27,3 mil mais cara que uma Toro flex na mesma versão de acabamento. Outro exemplo é a Chevrolet S10, que na versão LT com motor 2.5 flex, câmbio automático e tração 4×4 está disponível por R$ 120.690, ao passo que a mesma configuração com propulsor 2.8 turbodiesel, transmissão automática e também tração nas quatro rodas tem preço sugerido de R$ 150.390. Consequentemente, R$ 29,7 mil separam as duas versões.
Já a líder Toyota Hilux na versão SRV 2.7 Flex AT 4×4 tem preço de R$ 135.770, ao passo que o modelo SRV 2.8 Diesel AT 4×4 está disponível nas concessionárias por R$ 172.120. Ou seja, neste caso há uma diferença de preços ainda mais expressiva, de elevados R$ 36.350.
Entre os crossovers, o compacto Jeep Renegade na versão Limited 1.8 Flex AT6 4×2 pode ser encontrado com preço de R$ 98.990. Este mesmo modelo com motor 2.0 Diesel, câmbio automático de nove marchas e tração 4×4 é comercializado por R$ 124.990. Tais configurações apresentam uma diferença de preços de R$ 26 mil. O irmão Jeep Compass, por sua vez, parte de R$ 119.990 na versão Longitude 2.0 Flex AT6 4×2 e R$ 148.990 na Longitude 2.0 Diesel AT9 4×4, ou seja, R$ 29 mil a mais.
Quando vale a pena optar por uma versão a diesel?
Em média, um carro a diesel é até 30% mais caro que o mesmo modelo a gasolina. Além do preço de aquisição, ele também tem os custos das peças de reposição, manutenção e seguro mais elevados. Para analisar se um modelo a diesel vale mais a pena financeiramente, é preciso levar em consideração a quilometragem rodada e o gasto de combustível no longo prazo, além da manutenção e os demais gastos necessários.
Dá para dizer que se você espera por um desempenho mais vigoroso, roda bastante em estradas e também em terrenos mais acidentados (o que pode pedir por uma tração 4×4 oferecida pela maioria dos modelos a diesel), transporta muita carga e passageiros e planeja ficar com o veículo por longos anos, a versão com motor a diesel pode ser mais a mais indicada.