GLAUCO DINIZ DUARTE – 7 verdades e 2 mitos sobre sobre o Gás Natural Veicular
Com a constante alta dos combustíveis, os motoristas começam a estudar possibilidades de economizar. Há quem pegue carona com o vizinho, quem recorra aos aplicativos ou resolva adaptar o carro para utilizar o Gás Natural Veicular (GNV). Bom, nem sempre essas escolhas valem a pena. Listamos alguns mitos e verdades sobre o GNV.
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O GNV é sempre mais barato – Mito!
Essa não é uma afirmação simples. O preço do metro cúbico (m³) do gás é mais barato do que o litro dos demais combustíveis. Mas o motorista deve considerar outros gastos quando resolve instalar o GNV. Colocar um kit tem um custo médio de R$ 2.800 (para os kits de 2ª e 3ª geração – em veículos fabricados até 2007) e cerca de R$ 5 mil para os kits de 5ª geração, com injeção eletrônica de gás natural (veículos fabricados depois de 2007).
Um motorista brasileiro (considerando o valor médio dos combustíveis apurado pela ANP) que anda 3.000 km por mês em um carro que faz 8 km/l com gasolina tem um custo de R$ 0,58/km com gasolina e R$ 0,29/km com GNV. Entretanto, essa é uma média de quilometragem alcançada, em geral, por veículos utilizados profissionalmente, como táxis. Em um ano, a economia representa R$ 10.561, mais do que o valor da instalação de um Kit GNV.
Na verdade, a média mensal de um carro particular é de cerca de 1.000 quilômetros por mês e, portanto, as contas são bem diferentes. A economia total gira em torno de R$ 3.520. Nesse caso, serão necessários pelo menos 18 meses para se ter o retorno do investimento com o Kit. É importante lembrar que além da instalação, outros gastos também estão ligados ao GNV, como as revisões do cilindro, a mão de obra e o registro no Detran (falamos mais sobre esse item abaixo).
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O carro com GNV pode explodir em um acidente – Mito!
Se a instalação do kit GNV for feita de acordo com as normas, não há risco de explosão – ou combustão, se considerarmos o termo técnico correto. Quem garante é o diretor de combustíveis da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), Rogério Gonçalves. É preciso, no entanto, manter a manutenção em dia tanto no veículo quanto nos postos de combustíveis que oferecem o GNV.
Para sua segurança, observe se o cilindro a ser instalado é de aço e não tem soldas. Realize o “reteste” do cilindro a cada cinco anos. Ao notar qualquer defeito ou vazamento, leve o veículo à instaladora homologada.
De acordo com engenheiro Luís Henrique Verginelli, os acidentes que envolvem carros a gás estão ligados a modificações realizadas sem conformidade com a lei ou a norma vigente. “O combustível (GNV) e o sistema são seguros”, garante. “Se houver um vazamento, o gás se dissipa no ar e não coloca em risco os ocupantes dos automóveis”.
Quando se registra uma explosão durante o abastecimento, o dono do carro, em geral, adaptou um botijão de gás de cozinha, que não resiste à pressão do GNV.
Ainda segundo o especialista, o sistema de GNV tem cerca de oito dispositivos de segurança. Na válvula do cilindro, quatro dispositivos estão presentes controlando o comportamento do gás em casos de excesso de pressão, excesso de temperatura ou excesso de fluxo. O dispositivo bloqueia um vazamento grande. Quando o cilindro é exposto a 108°C, começa a dissipar o gás para que o sistema não entre em combustão.
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É preciso manter o tanque com um pouco de combustível líquido – Verdade!
Para garantir o funcionamento perfeito do carro e evitar danos ao sistema de injeção eletrônica de combustível líquido do veículo, é preciso manter um pouco de gasolina ou etanol no tanque. O reservatório de partida a frio também deve ser mantido com gasolina.
O diretor de combustíveis da AEA afirma que “os sistemas mais modernos de injeção de gás, que já saem instalados de fábrica, têm uma pequena injeção de combustível líquido contínua. Isso para manter o sistema de alimentação lubrificado e a limpeza de válvulas em dia. O especialista acrescenta “o combustível batendo em cima da válvula provoca limpeza. Para que isso seja feito com mais eficiência, o ideal é utilizar a gasolina aditivada. Sem o combustível líquido, o desgaste na sede de válvula é mais intenso”.
O número de postos que oferecem o gás natural é menor do que os que oferecem combustíveis líquidos. Por prevenção, é melhor garantir uma reserva de gasolina ou etanol no tanque.
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O GNV estraga o motor do carro – meia verdade!
A adequação de combustível para o gás natural não se trata, como dizem, de uma “conversão” para o GNV. Isso porque o motor continua operando também com etanol ou gasolina. No entanto, essa adaptação pode causar alguns inconvenientes. “O motor dos automóveis que funcionam com gás podem ter problemas a longo prazo, por não terem, com a frequência esperada, a limpeza da válvula já citada. Uma recomendação importante é trocar o óleo lubrificante no intervalo adequado para garantir que a parte baixa do motor esteja protegida”, conclui Rogério Gonçalves.
O engenheiro Luís Henrique Verginelli discorda e argumenta que o gás natural é inerte e não afeta nenhum tipo de metal. A combustão errada, por outro lado, pode estragar o equipamento.
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O motor perde um pouco da sua potência – Verdade!
Os especialistas explicam que um conjunto de fatores faz com que o motor do carro perca potência com a instalação do Kit Gás. O principal deles é que os motores convencionais não foram projetados para aproveitar a combustão do GNV. Ou seja, eles não são otimizados para esse combustível.
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A instalação do GNV altera o valor e o ressarcimento do seguro – Verdade!
De acordo com o professor da Escola Nacional de Seguros, José Varanda, “qualquer alteração no carro deve ser comunicada à companhia de seguros. A negativa do sinistro pode ocorrer se um incidente for causado por um componente adicionado depois da vistoria”. A mudança afeta também o preço do seguro. Isso porque pode agregar valor ao veículo ou deixá-lo mais propenso a roubos e a acidentes.
É preciso fazer a instalação em uma empresa homologada pelo Inmetro, caso contrário, o carro e o dono podem ser enquadrados no artigo 768 do Código Civil, que afirma que “o segurado perderá o direito à garantia se agravar intencionalmente o risco objeto do contrato”.
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É preciso registrar, no Departamento de Trânsito (Detran) de seu estado, a instalação do Kit GNV – Verdade!
Para que o seu veículo movido a gás esteja em conformidade com as leis estaduais, a instalação do Kit deve ser realizada em uma empresa credenciadas pelo Inmetro. Depois do carro ser convertido, precisa ser levado para um Organismo de Inspeção Acreditado (OIA), também validado pelo órgão. Veja a lista dos IOAs no site do Inmetro.
O Certificado de Homologação, a Nota Fiscal da realização do serviço de conversão, a Nota Fiscal do kit GNV, a Nota Fiscal do Cilindro ou Nota Fiscal do reteste e o Atestado de Qualidade do Instalador Registrado para obter o Certificado de Segurança Veicular (CSV) devem ser apresentados para fazer o registro da alteração de combustível junto ao Detran estadual.
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O GNV faz menos mal para a saúde do que outros combustíveis – Verdade!
Os combustíveis derivados do petróleo e da cana-de-açúcar emitem gases nocivos ao meio ambiente e ao ser humano. O gás natural não foge a essa regra. No entanto, a emissão de CO2 do GNV é 20% menor do que o da gasolina e do óleo diesel. A combustão do Gás Natural não produz óxido de enxofre e nem particulados.
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É mais difícil adulterar o GNV do que os combustíveis líquidos – Verdade!
As análises de qualidade do gás natural são efetuadas antes da sua distribuição. Na Resolução nº 16, de 17/6/2008 da ANP, está previsto o envio de dados de análise da qualidade do gás natural realizadas tanto pelo carregador como pelo transportador. Luís Henrique acrescenta: “para adulterar o GNV, o posto teria que instalar um novo compressor para adicionar ar ao gás. É inviável”.