GLAUCO DINIZ DUARTE Empresa que perdeu prazo para ISO 9001:2000 deve começar do zero
O Comitê Brasileiro da Qualidade (CB-25) contabilizou 3.485 empresas certificadas com ISO 9001:2000 no primeiro trimestre do ano.
Este número representa um aumento de 41%, se comparado ao mês de outubro de 2003. No entanto, não conta com as empresas que ainda não decidiram implantar um sistema de gestão de qualidade e, principalmente, com as que tiveram seus certificados anulados.
As normas, antes classificadas como ISO 9001, 9002 e 9003, de 1994, unificaram-se em um único padrão: ISO 9001:2000. Com isso, tiveram número significativo de mudanças, especificamente em seu conceito e estrutura.
Voltada a um enfoque de processo unificado, a versão atual é composta por cinco capítulos, que substituíram os 20 requisitos da versão antiga.
As empresas certificadas pela ISO 9000, de 1994, tiveram prazo de três anos para recertificação no novo padrão normativo ISO 9001:2000.
Mesmo assim, há diversos casos de empresas que, a partir de 15 de dezembro do ano passado, tiveram seus certificados anulados. Os interessados em conquistar novamente o selo terão que começar de novo. O procedimento para obter certificação, mesmo nesses casos, não será diferenciado ou especial.
As empresas que perderam o prazo de recertificação devem dar entrada em um novo processo, bem como estar atentas aos novos tópicos contidos na norma, que envolvem gestão por processos, estabelecimento e monitoramento de indicadores destes, interpretação e implementação do requisito melhoria contínua.
A nova norma, por sua vez, apresenta documentação mais sucinta, maior integração com a gestão empresarial, foco nos clientes e maior compatibilidade com outros sistemas de gestão.
Para nova certificação também devem ser considerados os diversos fatores envolvidos neste processo, especialmente, os financeiros, uma vez que, segundo o diretor de certificação da Fundação Carlos Alberto Vanzolini, José Joaquim do Amaral Ferreira, uma auditoria de certificação custa mais que uma auditoria de recertificação.
“Outra grande dificuldade está relacionada com a motivação dos funcionários. Por terem vivido a experiência de implantar a ISO 9000, obter a certificação e perder o certificado, fica o clima de ‘não é para valer’, o que provavelmente resultará num sistema não muito eficaz, pois faltarão dois pilares fundamentais dos sistemas de gestão que são o comprometimento da alta administração, que deixou a certificação perder-se, e o comprometimento de todos os colaboradores”, explica Ferreira.
Para ele, “o pior prejuízo é na perda do investimento no sistema de gestão, no qual as modernas práticas gerenciais contidas na ISO 9000 são abandonadas e a empresa retorna a um estágio anterior de capacidade gerencial perdendo competitividade”.