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GLAUCO DINIZ DUARTE

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GLAUCO DINIZ DUARTE  Excelência na gestão é obrigatória para sucesso empresarial em 2019

Em um ambiente em que a conjuntura se modifica a cada nova especulação, a cada novo escândalo ou nova greve, é fundamental que o empresário cuide bem das questões que estão sob seu controle e independem de influências externas.

Nesse contexto, o esforço por uma gestão de excelência é indispensável para a sobrevivência do negócio em condições adversas. Essa questão pôde ser observada com clareza durante a profunda recessão vivida no país entre os anos de 2014 e 2017, quando disparou o número dos pedidos de falência e se maximizou a necessidade de desperdício zero nas empresas.

A fim de discutir o cenário da gestão empresarial no país, bem como oferecer elementos para uma autoavaliação por parte de nossos leitores, conversamos com o gerente de operações da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), Marcos Bardagi.

O executivo da fundação sem fins lucrativos criada em 1991 destaca que a evolução da gestão empresarial no país é atestada pelo crescimento da competitividade de organizações brasileiras no cenário global.

Apesar disso, Bardagi aponta que lacunas como falta de visão sistêmica, despreparo para lidar com riscos e incertezas, falta de transparência e deficiência nos controles, resistência a mudanças ainda fazem parte do cotidiano do nosso ambiente corporativo.

Novo Varejo – Ao longo de 27 anos de atuação, de que maneira a Fundação percebe a evolução na gestão das empresas brasileiras, sobretudo do varejo?

Marcos Bardagi – Pela evolução de várias organizações ao patamar de players globais. Temos exemplos disto em diversos segmentos da indústria e do agronegócio, por exemplo. Ao longo destes 27 anos, igualmente constatamos esta evolução na crescente maturidade verificada nas organizações que participam do nosso reconhecimento nacional, o Melhores em Gestão, sucessor do PNQ, o Prêmio Nacional da Qualidade. Por outro lado, é notória nossa deficiência ainda em serviços públicos, com alguns fundamentos da gestão sendo muito negligenciados em todas as esferas governamentais. Isto tem de mudar.

NV – O empresário brasileiro que quer ser competitivo internacionalmente convive com problemas conjunturais que vão desde a grande burocracia até a fragilidade e instabilidade de nossa moeda. É possível superar esses obstáculos e entrar na rota da competitividade por meio da excelência gerencial?

MB – Toda organização busca a competitividade. Como constato que sou competitivo? Somente sendo escolhido por meus clientes e públicos de relacionamento. Não posso ser competitivo só para quem compra algo de mim. Tenho de ser competitivo para atrair boas pessoas, para que fornecedores queiram firmar parcerias comigo, para que as cidades em que eu esteja presente valorizem minha contribuição econômica. É por isso que dizemos que toda a organização está em um ecossistema de negócios, em uma relação de interdependência. Tudo o que a organização consegue fazer “entre suas quatro paredes” é o pilar da construção deste caminho de competitividade, mas a organização sozinha não consegue atingir a competitividade. Os entraves de seu ecossistema têm de ser superados, a logística, a infraestrutura como um tudo, a qualidade dos insumos e dos serviços que ela adquire. Por isso, enfatizamos tanto a necessidade de uma atuação em rede, onde as soluções são um esforço coletivo, juntando-se aqui as esferas públicas e privadas.

NV – Qual a relação da FNQ com o varejo brasileiro de maneira geral?

MB – A FNQ surge de uma iniciativa de parte do empresariado, em 1991, para buscar um melhor patamar de competitividade para as organizações brasileiras, mas foi um movimento com bases mais sólidas na indústria. Depois fomos agregando iniciativas em serviços, no agronegócio, no setor público e, mais recentemente, em micro e pequenas empresas, incluindo o varejo. Uma de nossas iniciativas, em parceria com o Sebrae, atinge cerca de 67.000 MPEs por ano, entre as quais, historicamente, quase a metade oriunda do setor varejista. Reitero que nosso modelo, o MEG, é adequado para todo tipo de organização, de todos os tamanhos e de todos os segmentos. Estamos ansiosos para colaborar cada vez mais com organizações varejistas.

NV – Vocês têm cases de trabalho conjunto com varejos de autopeças?

MB – Cerca de 2.200 varejistas de autopeças estiverem na última edição do Prêmio MPE Varejo. Neste projeto, as empresas estabelecem um primeiro contato com o modelo, em seu nível elementar, e podem depois continuar a sua evolução desafiando-se cada vez, inclusive participando de outros projetos conosco em níveis mais robustos do Modelo de Gestão.

NV – Fale um pouco sobre a metodologia MEG (Modelo de Excelência de Gestão).

MB – O MEG é a versão brasileira dos famosos “business excelence models” que surgiram na Europa, Estados Unidos e Japão a partir das iniciativas de Gestão da Qualidade Total. Nossa equipe de especialistas o mantém constantemente atualizado, tanto que estamos na 21ª edição. Nenhum outro país atualizou tanto o modelo como o Brasil. Temos sido reconhecidos nas reuniões internacionais como detentores do “melhor MEG do mundo”. Hoje o modelo traz os conceitos e ferramentas de apoio para a gestão mais modernos e versáteis, para uma organização lograr sucesso em um mundo que está caracterizado por estas mudanças aceleradas, por disrupções que brotam de todos os lados. O MEG é integrador, convive com as iniciativas existentes em uma empresa e serve como guarda-chuva para todo o projeto de vida de uma organização. Inovação? Está lá? Processos? Claro. Como lidar com as partes interessadas, como aprender constantemente? Temos as respostas. Sustentabilidade, governança? Também olhamos. Como gerir mudanças, como ser adaptativo a um cenário em transformação contínua? O MEG sabe. Quanto à aplicação nas organizações, existem vários caminhos. O que mais recomendamos é que, antes de tudo, a organização conheça o modelo e se familiarize com ele. Isto pode ser obtido via uma de nossas palestras e cursos, assim como pode compor uma primeira etapa de um processo de diagnóstico. Feito isso, o próximo passo é preparar uma capacitação interna. A FNQ faz questão de “entregar o conhecimento”, formar multiplicadores internos que terão a capacidade de, mesmo depois de concluído um primeiro projeto conosco, seguir usando o modelo internamente no aperfeiçoamento contínuo, de forma independente.

NV – Como funciona o processo de seleção do antigo Prêmio Melhores em Gestão? E quais benefícios a simples participação em seu processo pode auxiliar a empresa na tarefa de identificar as áreas em que necessita evoluir?

MB – Em princípio, toda organização é elegível para participação, bastando comprovar sua situação legal, e estar operando no Brasil há mais de três anos. Os benefícios são inquestionáveis, passando pelo contato inicial com o modelo, até o recebimento de um diagnóstico completo sobre o estado da gestão, com recomendações sobre como melhorar em todos os oito fundamentos e seus desdobramentos, que chamamos de temas e processos. Olhamos, dentro da avaliação do Melhores em Gestão, 117 processos organizacionais.

NV – Como o Prêmio foi criado e quais são seus objetivos?

MB – O Prêmio foi criado justamente com este espírito de ser o elemento motivador para a busca da excelência, juntamente com a fundação da FNQ, em 1991. O Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ), que teve uma trajetória de sucesso por 25 anos, foi reformulado em 2016 e passou a se chamar “Melhores em Gestão”. Seu objetivo é avaliar a maturidade da gestão das organizações brasileiras, reconhecer e destacar as empresas que atuam de forma sustentável e cooperativa e que têm um grande valor para a sociedade. Em outras palavras, mais do que um reconhecimento, o “Melhores em Gestão” destaca as empresas que têm a excelência como foco e prática de seus negócios.

NV – Quais são os principais aprendizados que um prêmio de qualidade pode proporcionar à gestão de uma empresa?

MB – A participação no Prêmio é uma das formas mais interessantes que uma organização pode aproveitar para tomar ciência de sua maturidade, absorver importantes recomendações de nossa banca avaliadora para trilhar um caminho de melhoria de performance. A mobilização para participar de uma premiação costuma ser um fator motivador a mais para o engajamento da força de trabalho, para a criação de um “momento” positivo.

NV – O custo médio de uma consultoria completa e personalizada com a FNQ é acessível para pequenas empresas?

MB – Somos uma entidade sem fins lucrativos, isso já nos dá uma boa base de partida. Temos um portfólio extenso e totalmente flexível, capaz de prover soluções para diversas “dores” das organizações. Existem programas que, inclusive, são coletivos, com diversas etapas sendo realizadas em conjunto, justamente para propiciar maior inclusão. Ou seja, via de regra, o fator preço não é um problema ou empecilho para que a organização busque a ajuda da FNQ.

NV – Quais são as maiores carências de gestão das empresas brasileiras?

MB – Em nossos milhares de diagnósticos realizados ao longo dos anos, temos observados, independente de segmento, porte, origem de capital, as seguintes lacunas, que representam um verdadeiro decálogo de oportunidades a serem exploradas: falta de visão sistêmica; desconhecimento sobre as competências essências necessária ao negócio, como cultivá-las e obtê-las; despreparo para lidar com riscos e incertezas; desconhecimento dos cenários, megatendências e seus impactos no modelo de negócios atual​; deficiência nos processos​, com “ralos” que absorvem recursos valiosos da organização; falta de transparência e deficiência nos controles; incapacidade de se livrar do que “não deve ser feito”, para focar no que é estratégico e que agrega valor​; falta de um propósito claro e definidor de engajamento; resistência a mudanças; baixa capacidade de criar uma cultura propicia à inovação constante e fluida. Todas estas deficiências são “tratadas” adequadamente através do modelo. Em resumo, o conhecimento mais avançado em termos de gestão está condensado no MEG 21 e nós estamos preparados para ajudar todas as organizações a se adaptarem e se transformarem em entes de maior valor para a sociedade, o que se converte necessariamente em reputação, perenidade e resultados para todos.

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