Glauco Diniz Duarte – como dimensionar uma usina fotovoltaica
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, energia solar fotovoltaica é conversão direta da luz do sol em eletricidade e a solução definitiva para quem paga conta de luz cara.
São milhares de casas, empresas, agronegócios e indústrias no Brasil que já utilizam a tecnologia solar fotovoltaica para escapar de preços altos e da inflação na conta de luz todos os meses.
Através da instalação das placas solares e demais equipamentos que formam os chamados sistemas fotovoltaicos, consumidores conseguem gerar sua própria energia com a luz do sol e trocar ela pela energia da rede durante a noite.
Essa possibilidade surgiu no final de 2012, quando se criou o segmento de geração distribuída através de regras homologadas e que até hoje regem o segmento e asseguram seus consumidores.
Desde então o mercado só cresceu de forma estrondosa e a tecnologia fotovoltaica, com preços em queda, está cada vez mais acessível para a população brasileira.
Neste artigo você irá conhecer absolutamente tudo sobre energia solar, confira!
O Que é Energia Solar
O sol é a maior fonte de energia limpa atualmente disponível ao homem.
É de sua luz que provém a energia para praticamente todos os processos naturais observáveis no planeta Terra, sendo raros os fenômenos que não se ligam de alguma forma à energia solar.
Da mesma forma, é dela que derivam todas as formas de energia que conhecemos, como um rio (energia hídrica) que se forma pela precipitação de águas antes evaporadas do oceano pela ação da luz do sol.
O calor do sol também é o que esquenta as massas de ar, gerando os ventos captados pelos aerogeradores, além das plantas usadas como fonte de Biomassa, que só nasceram e cresceram graças a luz solar que possibilitou a sua fotossíntese.
E tudo isso é possível devido ao enorme potencial energético do sol, tanto que a energia que ele irradia em um segundo é muito maior que a consumida pela humanidade desde o seu aparecimento na face da Terra, até os dias de hoje.
Toda essa quantidade de energia, obviamente, não chega até a Terra.
Radiação solar
Mas como é formada a luz do sol?
Estrela central do nosso sistema solar, o Sol possui uma massa 332.900 vezes maior que a da Terra, sendo composta por 74% de hidrogênio e 24% de hélio.
A luz do sol é parte da radiação eletromagnética gerada a grandes profundidades do interior da estrela pela fusão de núcleos de hidrogênio, que se chocam a altas velocidades formando átomos de hélio.
Esta energia então viaja do interior do sol até a sua fotosfera (nome dado a sua superfície) e daí se irradia em todas as direções.
Os fótons, partículas que compõem a luz, são quem carregam essa energia pelo espaço a uma velocidade de 300.000 km/s, levando cerca de 8 minutos para percorrer a distância de 150 milhões de km até a Terra.
A radiação solar que chega até a camada superior da atmosfera terrestre possui intensidade de 1,3 quilowatts por metro quadrado.
Já a quantidade de radiação que chega até ao solo irá variar conforme vários fatores, como localização geográfica, estação do ano e condições atmosféricas.
Isso porque a atmosfera terrestre age como um filtro, bloqueando a luz solar em maior ou menor intensidade, sendo agravada ainda conforme o nível de poluição atmosférica local.
Outro fator que também influencia na intensidade da luz ao nível do solo é a posição do sol em relação a Terra; quanto mais elevado ele estiver no céu, menores serão os efeitos da camada atmosférica sobre a sua luz.
Devido a todos esses fatores, a máxima irradiância solar que chega à superfície terrestre é em torno de 1.000 W/m².
A radiação solar que recebemos é caracterizada em três diferentes tipos, que variam de acordo com o seu ponto de origem:
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Radiação Direta: que vem diretamente do sol;
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Radiação Difusa: que vem da abóbada celeste;
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Radiação de Albedo: é a luz solar refletida da Terra, seja por vegetação, construções, etc.
Entre as três, a irradiância de Albedo é a que apresenta menor intensidade, enquanto que a soma dessas irradiações é chamada de Irradiação Solar Total.
Todos os dias, a radiação que recebemos do sol completa um ciclo, indo do zero ao máximo e depois de volta ao mínimo.
O momento no qual ela está em sua máxima intensidade é chamado de meio-dia-solar, quando os raios do sol estão se projetando na direção Norte-Sul no meridiano local.
Como o tempo solar verdadeiro sofre leves variações ao longo do ano, na maioria das vezes o meio-dia-solar será diferente do meio-dia do horário civil.
A formação de nuvens, entretanto, pode fazer com que mesmo ao meio-dia-solar a intensidade de luz nesse momento seja menor que em horários da manhã ou da tarde.
Os valores de radiação entre as horas do meio-dia-solar costumam ser próximos ou iguais 1000 W/m², sendo os melhores horários para aproveitamento das tecnologias de captação da energia solar.
Tipos de Energia Solar e suas Formas de aproveitamento
Te expliquei que os fótons, partículas elementares da luz do sol, são os responsáveis pela condução de sua energia eletromagnética até a Terra.
Enquanto a energia visível se propaga na forma de luz, a energia menor se propaga na forma de calor, caracterizando então as duas formas de energia provenientes do sol: luz e calor.
Existem diferentes formas e tecnologias para captação e conversão da energia solar, que podem ser classificadas entre ativas e passivas conforme a forma como captam e fazem uso dessa energia.
As tecnologias ativas são as que utilizam dispositivos mecânicos ou elétricos para amplificar ou processar a energia obtida e convertê-la em outra forma de energia, como a elétrica.
São exemplos de tecnologias solares ativas os sistemas de aquecimento solar, os sistemas fotovoltaicos e os concentradores solares térmicos das usinas heliotérmicas.
Já as técnicas de captação passiva de energia solar são aquelas que fazem uso direto da luz solar, sem a necessidade de qualquer tipo de processo ou conversão.
Exemplos desse tipo são a arquitetura solar/bioclimática e a fotossíntese artificial, como por exemplo um projeto arquitetônico na construção civil que explore um uso melhorado da luz do sol.
Entre as principais formas e tecnologias de aproveitamento da energia solar, podemos citar:
Arquitetura Bioclimática
A arquitetura bioclimática é uma forma passiva de utilização da energia solar, na qual são empregadas formas para se obter uma integração arquitetônica de um imóvel às condições climáticas locais.
O processo tem por objetivo edificar um empreendimento com melhor aproveitamento da luz e calor naturais do sol, ou ainda evitando-os, tudo de acordo com o resultado que se espera.
Para isso, o imóvel ou edifício precisa ser planejado levando-se em consideração fatores como a orientação do sol, os tipos de materiais que serão usados e suas propriedades térmicas, além dos espaços que permitirão a circulação do ar.
Isso pode significar em um alto rendimento no aproveitamento da energia natural do sol, economizando no consumo de aparelhos como ar-condicionados, ventiladores ou aquecedores.
Um exemplo disso são os edifícios que aproveitam melhor a luz natural durante o dia, economizando no uso de lâmpadas.
Energia Térmica (O Famoso Aquecedor Solar)
A energia solar térmica é uma tecnologia ativa para captação, armazenamento e aproveitamento do calor do sol, não envolvendo nenhuma geração de energia elétrica em seu processo.
Em um sistema de energia solar térmica, popularmente conhecido no Brasil como sistema de Aquecimento Solar, coletores solares térmicos instalados sobre os telhados captam a energia térmica (calor) presente na luz do sol.
Do coletor solar, essa energia então é transferida para um reservatório d’água, chamado de boiler, e usada para aquecer a água lá presente até o momento de sua utilização.
O tamanho do reservatório e o número de coletores solares térmicos (placa solar de aquecimento) necessários irão variar de acordo com a quantidade de água quente utilizada em cada propriedade.
Um simples cálculo baseado no histórico de consumo, entretanto, é o suficiente para se dimensionar um sistema de aquecimento solar residencial, no qual serão analisados hábitos de banho, lavagem de utensílios, roupas, etc.
A maioria dos coletores solares são colocados em suportes fixos com uma orientação calculada para que eles possam capturar a maior quantidade de radiação solar durante o dia e ano.
Embora sejam parecidas, as placas solares para aquecimento não devem ser confundidas com as placas de energia solar fotovoltaica utilizadas para geração elétrica.
Energia Fotovoltaica
A energia solar fotovoltaica é a energia elétrica gerada através da conversão direta da luz do sol.
Essa geração é feita através de placas solares fotovoltaicas que captam a luz solar do sol incidente e difusa, ou seja, a luz que atinge diretamente sobre elas e também a luz ao redor.
Dessa forma, é possível termos geração elétrica pela fonte de energia solar mesmo em dias nublados ou chuvosos, embora a quantidade de luz recebida pela placa esteja diretamente ligada a sua produção.
Uma placa solar fotovoltaica é composta de várias células fotovoltaicas, unidade básica de geração da tecnologia e a qual é feita de um material semicondutor.
Essa tecnologia remonta aos anos 50 e foi desenvolvida pela empresa Bell Laboratories, sendo depois utilizada em satélites espaciais nos anos 60.
As placas solares, junto com outros equipamentos, compõem os chamados sistemas fotovoltaicos, que hoje já abastecem milhões de estabelecimentos no mundo apenas com a energia do sol.
Entre todas as tecnologias para geração de energia renovável, a solar fotovoltaica é disparada a que mais cresceu nos últimos anos, com novos 94 Gigawatts (GW) instalados em 2018, segundo os dados da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA, na sigla em inglês).
Como resultado, hoje a energia solar já ocupa a terceira posição entre as fontes renováveis com maior capacidade instalada, sendo 486 Gigawatts mundiais, atrás apenas da fonte hídrica (1.172 GW) e eólica (564 GW).
Esse crescimento acelerado é reflexo das inúmeras vantagens e benefícios que a tecnologia traz aos consumidores, sendo a economia de até 95% na conta de luz a maior delas.
Energia Solar Como Funciona?
O funcionamento da energia solar fotovoltaica está fundamentado no conceito do efeito fotovoltaico, fenômeno observado pela primeira vez em 1839 pelo físico francês Alexandre Edmond Becquerel e que, devido a similaridade, foi confundido com o efeito fotoelétrico.
Ainda jovem e utilizando o primeiro componente eletrônico da história, Becquerel realizava experiências eletroquímicas na oficina de seu pai quando acidentalmente descobriu que os eléctrodos de platina e prata davam origem ao efeito quando expostos à luz.
De maneira simples, o efeito fotovoltaico consiste no surgimento de uma tensão elétrica em um material semicondutor devido a liberação de elétrons de sua superfície quando exposto à radiação de fótons de luz.
Essa descoberta levou a vários estudos no ramo que resultaram no aparecimento das primeiras células solares em 1883, cuja composição principal era selênio (Se).
Célula Fotovoltaica
Uma célula fotovoltaica, também chamada de célula solar, é a unidade básica da tecnologia solar fotovoltaica e responsável pela conversão da luz em eletricidade.
A grande maioria das células solares fabricadas e comercializadas no mundo são feitas de Silício (Si), material semicondutor e segundo elemento químico mais abundante na crosta terrestre.
O que acontece é que um semicondutor, em seu estado puro (ou intrínseco), se torna eletricamente neutro devido a recombinação de elétrons pelos átomos do elemento do qual é feito.
Por isso, para a fabricação de uma célula fotovoltaica o silício precisa passar por um processo chamdo de dopagem, que recombina a sua formação original com outros elementos, como o fósforo (P) e o Boro (B).
Essa recombinação cria duas camadas opostas do semicondutor, uma positiva (Tipo P, com falta de elétrons) e uma negativa (Tipo N, com sobra de elétrons).
Essas camadas são colocadas juntas dentro da célula, com a negativa na parte de cima e a positiva na parte de baixo, e uma fina grade unindo as duas, como na imagem abaixo:
Quando os fótons atingem a célula, eles reagem com os átomos de silício dopado e fazem com que os elétrons do lado negativo se desprendam.
Esses elétrons não conseguem passar diretamente para o lado positivo, e vice versa, devido a um campo elétrico que se cria nessa área de junção.
Assim, o único caminho para eles é através da fina grade que une as camadas e que cria a corrente elétrica que chamamos de energia solar fotovoltaica.
Vemos, então, que o funcionamento de uma célula solar está diretamente ligada a quantidade de luz que chega até ela, mas nem toda a luz incidente é transformada em energia.
Isso acontece porque fótons possuem diferentes cargas de energia e apenas aqueles com cargas adequadas conseguem liberar os elétrons do semicondutor.
Fótons com energia excedente ou inferior à necessária somam mais de 50% da luz que incide sobre uma célula fotovoltaica.
Somando-se a outras perdas, como as provocadas por sombreamento dos contatos frontais e resistência em série, o percentual de luz aproveitado por uma célula solar é de apenas 13% de toda radiação solar que recebe.
Tipos de células fotovoltaicas
Apesar das células de silício serem as mais populares, elas dividem-se em dois modelos diferentes e que se juntam a outros tipos de células usadas no mundo.
Veja abaixo as principais delas:
Células de Silício Cristalizado
Células de silício são desenvolvidas desde os anos 50, quando sua eficiência era de apenas 6%, mas após anos de evolução nas técnicas de produção hoje superam as demais e dominam o mercado.
A maioria das grandes e micros usinas fotovoltaicas em funcionamento hoje no mundo utilizam painéis solares com células de silício cristalizado, principalmente do tipo policristalino.
A areia e o quartzo são as formas mais abundantes na natureza para extração do silício, que precisa passar por complexos e onerosos processos de purificação. São dois tipos de células de silício cristalizado:
Silício Monocristalino (m-Si)
Feitas com uma forma mais pura do silício, as células monocristalinas possuem a maior eficiência na conversão elétrica das células fotovoltaicas, entre 15% a 18%, porém são mais caras devido aos processos necessários para extração do cristal puro de silício.
Silício Policristalino (p-Si)
Por utilizarem uma forma menos pura do silício, as células policristalinas são mais baratas, mas apresentam um grau de eficiência menor que as células monocristalinas, entre 13% a 15%.
Células de Película Fina
Nesse tipo de célula, também chamada de célula de filme fino, o semicondutor é aplicado sobre uma fina superfície de vidro ou plástico, o que a torna flexível e apta a diferentes aplicações da tecnologia fotovoltaica.
São muito boas na absorção da radiação luminosa e, por utilizarem menos material semicondutor, são mais baratas que as de silício cristalizado, porém com menor grau de eficiência na conversão elétrica.
Os principais tipos são:
Silício Amorfo (a-Si)
A palavra “amorfo” significa “sem forma”, o quê significa que esse silício não possui característica cristalina, sendo formado pela absorção de hidrogênio e resultando em uma célula de pouca eficiência, entre 8% a 10%, a qual ainda é degradada pela ação da luz nos primeiros meses de uso.
Disseleneto de Cobre e Índio (CIS)
Células de CIS não sofrem degradação da luz, mas se tornam instáveis em locais com altas temperaturas ou umidade, necessitando de bom revestimento para constituição do módulo fotovoltaico. Embora apresentem a melhor eficiência entre as células de filme fino, 10% a 13%, as células de CIS tem sua produção limitada devido ao Índio (In), elemento muito requisitado para a fabricação de smartphones.
Telureto de Cádmio (CdTe)
Compostas, entre outros, por sulfato de Cádmio (CdS), células de CdTe possuem boa eficiência, até 16%, porém sua fabricação em larga escala é desencorajada devido ao uso gasoso do Cádmio, altamente tóxico.
Células Orgânicas (OPV)
Essas células se assemelham às de filme fino, sendo constituídas de polímeros ou moléculas orgânicas impressas sobre substratos transparentes e flexíveis, o que garante às células orgânicas maior aplicabilidade.
Contudo, apresentam baixa eficiência (até 11%) e vida útil quando comparadas às células de silício cristalino.
Célula de Perovskita
Células de Perovskita são a grande aposta da indústria de painéis fotovoltaicos, com uma tecnologia que supera todas as outras na absorção da luz em diferentes comprimentos de onda.
Isso garante uma alta eficiência na conversão elétrica, chegando a 20% em testes laboratoriais, porém sua baixa vida útil e degradação ao contato com umidade ainda são desafios a superar para a sua aplicação comercial.
É importante não confundir a eficiência das células solares fotovoltaicas com a eficiência das placas solares que compõem um sistema fotovoltaico.
Placa solar (Painel Solar)
Uma única célula solar, obviamente, não consegue gerar as grandes quantidades de energia consumidas em uma casa ou empresa.
Por isso é necessário conectar várias delas juntas para que se consiga alcançar maiores potências, o que é feito através das placas solares.
Uma placa solar, conhecida tecnicamente como módulo fotovoltaico, é um agrupamento de células fotovoltaicas ligadas em série e encapsuladas em várias camadas de proteção.
As placas fotovoltaicas mais comercializadas no mercado atualmente são compostas de 60 ou 72 células, com potências entre 240 Watts e 335 Watts, respectivamente.
O processo de montagem do módulo fotovoltaico pode ser feito de maneira automática, através de maquinário especializado, ou por manufatura, porém sem uma alta produção em escala.
São várias camadas de proteção e isolamento necessárias para se encapsular um conjunto de células e que formam a estrutura de uma placa de energia solar, sendo:
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Uma lâmina de vidro temperado;
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Um material orgânico, como o EVA (eileno-vinil-acetato);
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As células conectadas;
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Mais uma lâmina de EVA (ou similar);
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Uma cobertura, que pode ser vidro, tedlar, PVC, ou outros polímeros.
Por fim o conjunto será emoldurado (utilizando geralmente alumínio anodizado) e serão inseridas as caixas de conexão (cabos e conectores) para a ligação em série.
Veja a composição de uma placa solar fotovoltaica na imagem abaixo:
As placas solares fotovoltaicas passam por vários testes mecânicos, como:
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Variação de temperatura entre -40°C até + 85°C;
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Testes de isolamento sob umidade e congelamento;
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Carga mecânica, resistência a granizo e torções;
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Resistência de terminais, etc.