Glauco Diniz Duarte – Como motor diesel funciona
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, com princípio de funcionamento diferente dos motores à gasolina, motor Diesel precisa de cuidados especiais para que funcione corretamente.
Usado no Brasil em veículos de transporte ou de carga, o motor Diesel é um dos inventos mais importantes quando falamos pensamos em mobilidade sobre rodas.
Criado pelo engenheiro alemão Rudolf Diesel (1858-1913) em 1893, o motor Diesel (sempre em letra maiúscula, porque se refere a um nome próprio) tem no processo de queima de combustível sua principalmente diferença para os motores Otto (gasolina, etanol e flex).
Apesar de ter os mesmos tempos de funcionamento do motor Otto (admissão, compressão, trabalho e escapamento), na hora da queima do combustível, basta a compressão mecânica do ar e em seguida a injeção do Diesel para que esta mistura se inflame e produza a combustão. Nos motores Otto é preciso uma vela para isso.
Diferenças Otto x Diesel
Pensando no funcionamento em si, já deu para ver que os motores são diferentes, mas há ainda outras características do motor Diesel que fazem com que ele precise de componentes auxiliares específicos.
Um dia frio é terrível para um motor Diesel. O ar gelado mesmo quando comprimido na câmara não consegue se aquecer o suficiente para que haja a queima junto com o combustível. A temperatura ideal para que a mistura se inflame é que o ar comprimido atinja temperaturas maiores que 600°C.
Em motores antigos não tinha o que fazer, era preciso aquecer o motor de alguma forma para que ele desse partida. Se você mora em alguma região fria, principalmente no sul do Brasil, você já deve ter visto algum caminhoneiro fazendo uma fogueira debaixo do caminhão, na região do motor. O objetivo era aquecer o óleo e, por sua vez, o bloco do motor.
Em motores mais modernos há velas aquecedoras para o Diesel. Assim ele já entrará na câmara de combustão na temperatura ideal mesmo que o ar externo esteja gelado. Tudo isso será é controlado pela injeção eletrônica.
Outro componente exclusivo dos motores Diesel é o filtro separador de água. É comum que o Diesel acumule água por conta da umidade e pela grande oscilação de temperatura do sistema em relação ao ambiente externo.
Se o Diesel entrar na câmara de combustão úmido, três coisas podem acontecer: ele não atingirá a temperatura certa para a combustão; se estiver com muita quantidade de água, pode dar calço hidráulico nos cilindros ou então provocar corrosão acentuada do sistema de combustível.
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Cuidados com a manutenção do motor Diesel
Quando falamos em manutenção, os veículos à Diesel também têm suas particularidades. A começar pelo óleo lubrificante. A Norma API para motores à Diesel determina lubrificantes específicos para este tipo de motor.
Por exemplo, para motores do ciclo Otto, os lubrificantes devem atender a Norma API S, de Spark (ou seja, motores que precisam de ignição por faísca) e, para os motores Diesel que foram projetados para usar o combustível com até 500 ppm de enxofre, os lubrificantes devem atender à Norma API C, de Compression (ou seja, motores que tenham ignição por compressão). Já para veículos mais modernos, a Norma API recomendada é a F, indicada para motores que foram projetados para usa Diesel com teor de enxofre de até 15 ppm.
É importante ressaltar que estas regras devem ser obedecidas rigorosamente, os tipos lubrificantes não podem ser trocados entre si e nem se deve usar um lubrificante de viscosidade diferente da especificada. Em caso de dúvidas, consulte manual do fabricante.
Outra recomendação importante é sempre fazer manutenções periódicas. Com isso, além do lubrificante, troque os filtros de óleo e de ar com regularidade e sempre abasteça em locais de confiança.
Além do Diesel adulterado, tome cuidado na hora de escolher o Diesel certo para o seu carro. Se ele for antigo e ainda com sistema de alimentação via bomba injetora, você pode abastecê-lo com Diesel S-500 (ou com até 500 ppm de enxofre), mas se ele já for de concepção moderna e possuir sistema de injeção eletrônica, opte unicamente pelos Diesel S-10 (até 10 ppm de enxofre).
Motor ‘disparou’, e agora?
Devido a sua concepção de funcionamento diferente, os motores Diesel não precisam de uma fonte de energia externa (vela de ignição) para a combustão, somente ar e combustível. E isso é um grande perigo em veículos com manutenção descuidada.
É aí que o motor Diesel pode disparar (ou não desligar mesmo quando você desliga a chave de ignição) e você pode estar em perigo. Nestas condições, o motor acelera sua rotação e continua em funcionamento enquanto tiver ar entrando no motor, combustível no tanque e óleo lubrificante no sistema (sim, ele pode consumir todo o lubrificante do motor).
Assim, em casos extremos, o motor pode explodir e causar danos irreparáveis a ele e a quem estiver ao seu redor.
Caso isso ocorra, só há uma forma de interromper o processo: bloquear a entrada de ar do motor. Fazendo isso não terá ar para a mistura e o motor desligará. Mas cuidado, só faça isso caso o motor tenha acabado de entrar neste modo e se não tiver acelerado demais, ou você pode se colocar em perigo.
Como evitar que o motor Diesel dispare?
Algumas atitudes simples podem evitar que este problema grave aconteça. São elas:
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Turbocompressor vazando óleo: Revise periodicamente o turbocompressor do motor. O regime de anda-pára das cidades ou andar por longos períodos em altas rotações, pode reduzir a vida útil do componente. Com o seu eixo desgastado, pode se tornar uma fonte de alimentação de lubrificante para dentro do motor e dispará-lo descontroladamente;
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Combustível fora de especificação: Tenha muito cuidado na hora de abastecer o veículo. Em carros mais modernos, caso você abasteça com Diesel S-500, que tem 50 vezes mais enxofre do que o recomendado para o projeto do motor, isso poderá causar alterações no gás de queima de combustível, afetará a eficiência da válvula de ventilação positiva do cárter e, por consequência, enviar mais óleo do que deveria para a queima no cilindro;
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Sistema de alimentação defeituoso: Quando o motor apresenta um desgaste acentuado devido ao tempo de uso (ou por manutenções mal feitas), é comum que o sistema de alimentação de combustível não funcione da forma certa. Assim, em veículos com bomba injetora, ela pode estar desregulada e enviar combustível em excesso e, em veículos com injeção eletrônica, algum problema nos sensores pode fazer com que o sistema mande mais combustível do que deveria. É só pensar na conta: muito combustível faz o motor puxar muito ar e os dois em excesso pode causar disparo do motor.