As micro e pequenas empresas são grandes geradoras de emprego e renda, contribuindo com cerca de 20% do PIB nacional e 60% dos empregos formais no país, porém podemos observar que uma boa parte delas iniciam suas operações sem nenhum tipo de planejamento, sem uma base de informações mínimas.
De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, é muito comum nos dias de hoje que, pessoas desempregadas, optem por iniciarem seu próprio negócio, utilizando o dinheiro da indenização e/ou reservas feitas durante anos. Mas só isso não é suficiente se não tiverem conhecimento do mercado onde estão entrando. Um exemplo disto é o mercado de franquias, que cresce em um ritmo acelerado. As pessoas acham que basta ter o capital exigido pelo franqueador que seus problemas estão resolvidos e que eles terão retornos fáceis.
Infelizmente não é tão simples assim; Glauco lista a seguir alguns erros clássicos cometidos pelos empreendedores proprietários de Micro e Pequenas Empresas:
1) Não possuir um plano de negócios – para iniciar e gerenciar uma empresa é necessário realizar um planejamento e responder a três perguntas básicas: Onde estamos? Para onde queremos ir? Como iremos?
2) Misturar as finanças da empresa com as pessoais – é muito comum empresários que não conseguem separar suas finanças pessoais das finanças da empresa, ou seja, movimentam dinheiro da empresa em sua conta particular e vice versa, com isto causam uma tremenda confusão nos controles financeiros e dificultam a vida dos profissionais da área contábil. Não podemos esquecer dos princípios básicos da contabilidade que devem ser respeitados pelas empresas e, um deles, é o Princípio da Entidade.
3) Contratar familiares, amigos ou profissionais que não atendam aos requisitos para cada função – Muitas vezes, por se tratar de uma empresa familiar, e como o proprietário está à frente do negócio, deixa de lado a busca pela profissionalização. O próprio empreendedor assume a posição de Gestor financeiro, tributário, Recursos Humanos, etc., acaba julgando desnecessário a contratação de pessoas capazes, contratando assim funcionários sem nenhuma experiência, economizando no custo direto. Este tipo de decisão pode estar escondendo um custo que não se mede, o custo das decisões erradas, por estarem baseadas em “sentimento” e não em análise de resultados, utilizando ferramentas eficazes;
4) Não estabelecer metas e prazos – este é um item fundamental para mantermos a empresa “viva”. São os desafios que levam o ser humano a progredir e superar os obstáculos de sua vida, e para a empresa não é diferente, já que ela é composta de seres humanos. Através das metas podemos motivar a equipe que trabalha conosco e através dos prazos, podemos medir a eficiência da execução e gestão das tarefas operacionais do dia a dia.
5) Tomar decisões sem informações financeiras precisas – é preciso ter um controle detalhado de todas as receitas, despesas fixas e variáveis, e com isto ter um bom fluxo de caixa e um demonstrativo de resultados mensal, e através da análise das vendas e dos gastos tomar decisões mais precisas e rápidas.
6) Não saber calcular a necessidade de capital de giro da empresa – sem esse cálculo, a empresa pode se endividar além da sua capacidade de pagamento (geração de caixa) e com juros muito além da média de mercado, com isto os problemas financeiros da empresa começam a surgir.
7) Aplicar o autoritarismo – muitas vezes o autoritarismo faz que se perca o empenho e o respeito de seus funcionários. Trabalhar a liderança, a motivação, a gestão de recursos humanos é trazer o funcionário para o seu lado, é fazer com que ele “vista a camisa” da empresa.
8) Achar que já conhece tudo sobre o seu negócio – em um mundo dinâmico como o nosso, isso não ocorre. É preciso sempre analisar seus pontos fortes e fracos. A empresa precisa ter seus produtos e serviços analisados constantemente, e seus profissionais buscando frequentemente atualização e formação.
9) Falta de controles para uma boa gestão – esses controles não significam, necessariamente, a utilização de softwares caros e complexos. É preciso que tenhamos a consciência de que precisamos estudar e dominar as ferramentas de gestão existentes (o que pode ser feito com planilhas de controle, através do excel). Temos que compreender que não sabemos tudo e que podemos contar com apoio profissional daqueles que têm a experiência no assunto e no mercado. A intenção é mantermos a empresa viva!
Fica aqui uma dica de itens que não podem faltar nos seus controles (como visto no item 9): registro de receitas, custos fixos, variáveis e despesas; levantamento do capital de giro necessário para o negócio (se não souber como fazer, procure um profissional para auxiliá-lo); fluxo de caixa de no mínimo 60 dias; apuração do resultado mensal, para que você possa avaliar se o seu negócio é viável e está gerando o retorno esperado.
Não deixe que o sonho de ter o seu próprio negócio acabe em um pesadelo de prejuízos e dívidas, por falta de planejamento, controle e organização, mãos à obra e transforme a sua empresa através de uma gestão exemplar.