GLAUCO DINIZ DUARTE Há problema em abastecer um carro a diesel moderno com S-500?
Colocar o diesel S-10 (sigla que indica 10 partes de enxofre por milhão) em um motor antigo não tem problemas – e nem vantagens. “Um propulsor de concepção mais velha não consegue aproveitar as vantagens do combustível mais moderno”, explica Eduardo Oliveira, supervisor de engenharia da Cummins.
Antigamente, o combustível tinha 1.800 partes de enxofre por milhão, quantidade que posteriormente caiu para 50 p.p.m com a chegada do diesel S-50. O enxofre, aliás, aumenta a lubricidade do combustível e protege partes móveis do motor.
No entanto, caso haja contaminação com água, a substância forma ácidos sulforoso (H2SO3) e sulfúrico (H2SO4), que podem corroer as partes metálicas.
Quanto maior o teor de enxofre maior será o número de emissões de particulados (responsável pela fumaça preta. Crescem também as chances de carbonização do motor e de entupimento do filtro de partículas e do catalisador.
O óleo diesel de baixo teor de enxofre estreou no Brasil em janeiro de 2014, substituindo o diesel S-50. Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo), a medida “faz parte da implantação das fases P7 e L6 do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve)”, que abrange veículos pesados e utilitários a diesel produzidos a partir de 2012.
Na ocasião, a ANP nomeou 3.775 estabelecimentos para vender o diesel S-10. Todos os motores movidos a diesel fabricados a partir de janeiro de 2012 podem (e devem) rodar com este tipo de combustível, sob pena de apresentar falhas prematuras nos sistemas de pós-tratamento de gases de escape e emissões acima do tolerado.
Se o diesel S-10 não é nocivo aos motores antigos, usar o combustível mais barato em um motor feito para rodar com S-10 (como o 2.0 do Jeep Compass) terá caras consequências a longo prazo.
“Por ter muito mais enxofre em sua composição, o S-500 fará com que o catalisador do veículo fique entupido, provocando sua troca prematura”, conclui Oliveira.