Glauco Diniz Duarte – Como descarbonizar um motor diesel
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, para que uma descarbonização de motor seja necessária, uma carbonização precisa ter acontecido anteriormente. Esta é causada pela formação de depósitos escuros secos e bastante duros, sendo, assim, de difícil remoção.
A carbonização é uma capa aderente e rígida, gerada por meio da recombinação das moléculas de combustível e do óleo lubrificante na cabeça do pistão, câmara de combustão, válvulas e canaleta dos anéis. Em casos mais graves, a carbonização altera, também, o funcionamento do cabeçote.
A carbonização acontece com mais frequência em motores que não possuem injeção eletrônica de combustível. Ela começa na fase de aquecimento do motor, enquanto a Unidade de Comando Eletrônico (UCE) conduz o tempo de abertura das válvulas injetoras através dos sinais do sensor de temperatura, privilegiando a mistura rica (quando há muito combustível e o ar não é suficiente para essa quantidade).
Porém, durante esse processo, boa parte do combustível sofre combustão apenas de forma superficial, fazendo com que a fração parcialmente não queimada gere depósitos de carvão no motor. Por conta disso, tal fuligem contamina a câmara de combustão e a sonda lambda.
Esta, por sua vez, detecta a mistura rica e envia sinais à UCE para que ela também possa utilizar a mistura pobre (quando existe uma quantidade maior de ar do que de combustível).
Além disso, os vapores resultantes dessa queima se transformam em ácidos prejudiciais ao óleo quando estão em sua fase fria, formando a famosa borra. Com isso, a parte responsável pela força do motor é comprometida por conta da carbonização.
O que causa a carbonização?
O processo de carbonização acontece por conta da formação e do depósito de carbono derivado da queima incompleta de combustíveis fósseis, principalmente de diesel e de gasolina. Esta, quando é adulterada, possui compostos que realizam o processo de queima de maneira incorreta, o que gera resíduos que ficam acumulados na parte interna do motor.
Quando o combustível em questão é o etanol, é sabido que sua adulteração mais comum é feita com a adição de água, o que gera um impacto menor no motor, já que ela corresponde a 7% da composição do álcool sem que este esteja adulterado.
Porém, mesmo que a água auxilie na postergação do processo de carbonização, ela pode reduzir a temperatura de combustão em aberturas de carga (abertura de aceleradores) menores ou em qualquer marcha-lenta. Isso acaba aumentando as chances de queima incompleta do combustível. Por conta disso, o motor pode sofrer carbonização, mesmo com combustíveis de boa qualidade.
Normalmente, veículos que utilizam apenas etanol como combustível principal tendem a possuir câmaras de combustão limpas por conta da presença de água em sua composição.
Porém, quando o carro é utilizado em marcha-lenta durante muito tempo, seu motor acaba por ser prejudicado. Em contrapartida, a água presente no álcool ajuda na limpeza de seus cilindros em rotações e cargas mais altas.
A carbonização do motor também acontece por conta do desleixo do dono do veículo que não faz uma troca periódica do óleo do motor ou do filtro de óleo.
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O que é descarbonização?
A descarbonização do motor acontece quando o excesso de carvão resultante da queima de combustíveis precisa ser retirado da superfície de suas peças.
Tal processo também é conhecido como limpeza interna do motor, que deve ser realizada nas peças em contato direto com o processo de combustão interna.
Não existe uma quilometragem específica para que a descarbonização seja feita, já que o desgaste de cada motor varia bastante de acordo com a qualidade dos combustíveis e do lubrificante utilizado para o seu funcionamento.
O custo da descarbonização de um motor varia de acordo com a região do Brasil e da qualidade da mão de obra contratada. Porém, o valor varia entre 400 e 900 reais, dependendo da complexidade e da extensão da operação.
Quando existe a necessidade da realização da montagem e da desmontagem do motor e da regulagem de todos os seus sistemas, o custo final para o dono do veículo pode ser até seis vezes mais que o de uma descarbonização. Além disso, o cliente pode ficar à mercê da disponibilidade de peças para o motor em questão, já que elas podem demorar meses para se tornarem disponíveis.
Como fazer a descarbonização?
Existem duas maneiras de se realizar a descarbonização de um motor: química ou fisicamente. A escolha do método utilizado dependerá, principalmente, do estado do motor.
Além disso, também existem soluções caseiras de descarbonização de motor que podem ser usadas, a fim de cultivar a boa saúde do motor de um veículo e evitar o depósito de carbono em sua superfície.
O uso de aditivos no combustível, uma vez a cada dois meses, auxilia a manutenção da limpeza do motor. Diversas marcas oferecem produtos que removem, mesmo que em pouca quantidade, o acúmulo de carvão em sua superfície.
Então, é importante lembrar que medidas caseiras não se sobrepõem a manutenções e revisões feitas em oficinas especializadas.
Descarbonização física
A descarbonização do motor aumenta sua vida útil.
A descarbonização física é feita, principalmente, quando há um grave acúmulo de carbono no motor. Esse procedimento consiste na abertura do cabeçote, remoção das válvulas de admissão e escape e raspagem dos depósitos de carbono dos coletores, válvulas e cabeçotes.
Antes que a remoção aconteça, é dado um banho químico no motor e em suas peças de forma particular, a fim de “amaciar” os depósitos de carvão. Nessa fase, o coletor de escape também é desmontado e limpo com água de alta pressão.
Se o silencioso de escape possuir obstruções, é necessário aquecê-lo antes de enxaguá-lo com água, a fim de expandir o coletor e auxiliar a remoção de resíduos.
A descarbonização física é um processo demorado, trabalhoso e caro, pois envolve custos elevados de mão de obra. Então, é importante que o motor passe por manutenções preventivas regulamente.
Descarbonização química
A descarbonização química limpa a parte interna do motor.
A melhor forma de não precisar passar por uma longa e custosa descarbonização física do motor é apostar na prevenção. Manutenções periódicas e rigorosas garantem a longevidade da parte mecânica de qualquer automóvel.
A descarbonização química é uma das formas de se prevenir a carbonização do motor de um veículo, principalmente quando este apresenta utilização de alto risco de formação de depósitos.
Esse é um processo de limpeza interna de um motor e existem duas formas de realizá-la. A primeira delas é feita com a aplicação de um fluido chamado “Power Flush” dentro do motor.
Após sua administração, o carro é ligado e deixado em marcha lenta por mais ou menos 30 minutos para que o Power Flush gire por todo o motor. Se ao final desse procedimento o motor não ficar totalmente limpo, o processo é repetido, a fim de garantir a saída de toda a sujeira.
Quando tal método não é realizado de maneira correta, o motor acaba acumulando impurezas que entopem cabeçotes, cárter, válvulas, entre outras peças, mesmo que o óleo tenha sido trocado de maneira correta.
A segunda maneira de se realizar a descarbonização de um motor de forma química é escolhida quando o motor apresenta um grau elevado de sujeira. Ela consiste na abertura do motor para que a limpeza dos cabeçotes seja feita manualmente, a fim de retirar todo o acúmulo endurecido presente no motor.
Uma maneira simples de se evitar a descarbonização química precoce de um motor é realizando a limpeza da injeção eletrônica.
Essa precaução consiste na higienização e remoção de bloqueios que atrapalham o bom funcionamento da válvula injetora, que é formada por uma agulha móvel, que controla a vazão de combustível, e por um corpo cilíndrico que estoca combustível pressurizado.
Cada movimento da agulha móvel dura milésimos de segundo e libera combustível em pequenas quantidades, originando um spray que se mistura ao ar no coletor de admissão.
Atualmente, existem oficinas mecânicas que oferecem alternativas ao desmantelamento do motor e higienização feita peça a peça. Esse procedimento inovador se baseia na injeção de hidrogênio na conduta de ar de admissão do motor, aumentando, assim, a temperatura de combustão.
Isso acaba forçando um processo químico no motor, o que auxilia a eliminação de depósitos de carvão causadores do mau funcionamento do propulsor.
É importante solicitar a revisão do sistema de injeção mesmo que alguns fabricantes de automóveis afirmem que os bicos sejam autolimpantes. Especialistas estimam que tal manutenção deve ser feita a cada 20 mil quilômetros rodados mais ou menos.
As principais características da necessidade da revisão de injeção eletrônica são o funcionamento irregular do motor, fraco desempenho e alto consumo do veículo.
Qual a importância de se fazer a descarbonização do motor?
A carbonização excessiva do motor pode causar pontos quentes no interior do cilindro, originando a queima de misturas antes do momento ideal, diminuindo, assim, a potência do motor.
Além disso, esse processo pode impedir o perfeito funcionamento das válvulas, fazendo com que elas se tornem defeituosas. A carbonização também une os anéis de segmento, impossibilitando que eles lubrifiquem, raspem e vedem a compressão do cilindro.
Então, a falta de descarbonização do motor pode gerar custos exorbitantes para o dono do veículo, além de poder ser motivo de acidentes.
Como identificar a necessidade de descarbonizar um motor?
A pré-detonação em todas as fases de funcionamento do motor é a principal característica de uma carbonização. Em casos graves, os anéis são engripados na parte interna de suas próprias canaletas e o motor perde compressão.
Já em casos muito graves, as camisas são desgastadas de maneira precoce, pois a carbonização se forma através dos anéis.
Uma maneira relativamente simples de se identificar a presença de carbonização é retirando o coletor de escape e a vela de ignição, pois, se existirem depósitos de carvão nesses lugares, há uma probabilidade bastante alta de também existir tal depósito dentro do motor.
Existem outros sintomas que podem significar a necessidade de uma descarbonização do motor:
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marcha lenta irregular;
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estouros no escapamento;
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travamento das válvulas;
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batidas de tuchos;
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pouca potência que é observada em ultrapassagens e subidas, onde o motor requer redução de machas com frequência elevada;
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formação pastosa no comando e prováveis entupimentos;
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entupimento do pescador da bomba;
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obstrução da bomba de óleo;
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falta de lubrificação no comando das válvulas;
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formação pastosa no cárter.