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O desafio da Gestão-Arte

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Glauco Diniz Duarte

Administrar empresas, o exercício da gestão é uma arte. Há muito tempo se ouve isso. Na verdade, desde 1886 quando o engenheiro americano Henry Towne, inventor das fechaduras que usamos até hoje, declarou que considerava ser necessária uma nova arte para unir os dois grupos de profissionais que, já naquela época, circulavam dentro das empresas: os homens de negócio e os engenheiros. Visionário, Towne tinha entendido que as companhias deveriam funcionar como um fragmento da sociedade.

De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte seu diagnóstico nunca foi tão verdadeiro quanto nos dias de hoje. A Arte da Gestão, assim mesmo, com letras maiúsculas, nunca foi tão importante. Nos quase 130 anos, desde que Towne disse sua frase lapidar, aconteceram grandes mudanças e transições, mas nunca tão velozes quanto agora. Quando se vive sob a pressão de um entorno tão mutante, praticamente gelatinoso, com grande número de variáveis em jogo e cenários que se transformam freneticamente, as características dos gestores é que vão fazer a diferença. Sua sensibilidade, intuição e, sobretudo, a capacidade de inspirar, são elementos vitais no mundo da arte e funcionarão também como bússola no ambiente de negócios. A complexidade do momento em que vivemos coloca as técnicas e receitas de bolo da gestão tradicional num plano inferior em relação ao poder da inspiração, da intuição e do talento.

Glauco explica que os manuais de gestão fizeram muito por nossos negócios. No entanto, atualmente, é necessário muito mais do que está escrito nos livros para gerenciar empresas. Não são apenas os cenários que se transformam o tempo todo. As equipes, suas expectativas e a tecnologia estão em plena metamorfose. Os clientes, nem se fala. Estes mudam como plumas ao vento, como cantava Pavarotti em seu clássico “La Donna è Mobile”. Gestão, hoje, é muito mais do que comprar bem, produzir barato e vender. O conceito ficou mais sofisticado. O gestor antenado com seu tempo sabe que, mais do que administrar os recursos disponíveis, também é preciso cuidar da redução da carga de impostos, obter dinheiro do governo nas melhores condições possíveis, preferencialmente, por subvenção, e minimizar a saída de qualquer valor. Em outras palavras é inovar o tempo todo e estar atento a isso é um pedaço da arte.

Imagine que, nesse ambiente de alta complexidade, você ganhasse de presente um manual de gestão da Apple, uma das empresas mais admiradas do planeta. Por mais que se esforçasse, não conseguiria fazer igual, pois há o intangível representado pela figura quase mítica de Steve Jobs, um líder que, apesar de todas as suas idiossincrasias, foi pura inspiração. Quando morreu, em 2011, os executivos da companhia temeram pelo futuro da Apple, mas Jobs, por meio de suas atitudes, havia plantado uma cultura interna que manteve viva a chama da inspiração.

Glauco destaca que esse pequeno exercício de imaginação serve para nos lembrar de que não há duas formas de gestão iguais, duas empresas iguais ou fórmulas de gestão prontas que sirvam para qualquer empresa. Assim como cada um de nós, as empresas são sistemas vivos, mutantes, complexos e imprevisíveis. Assim como eu, você, o colega ao seu lado, somos únicos, elas são únicas e está na hora de reconhecermos isso.

Glauco afirma que olhando para as organizações vencedoras, vemos que sua gestão é uma fantástica combinação de inspiração, talento e técnicas, assim como qualquer expressão da arte. Essas empresas são belas, provocam emoções da mesma forma que um quadro, uma escultura ou um filme. Relacionar-se com elas é uma experiência inesquecível. Usando novamente o exemplo da Apple, procure lembrar-se de alguma vez em que tenha entrado numa loja da marca no exterior. Encontrou funcionários que gostam do que fazem e por isso se entregam, operando um processo simples e eficiente. Isso, aliado à consistência do produto, faz nascer no consumidor um sentimento de admiração. Impossível não apreciar a genialidade do outro e conectar-se afetivamente com a companhia. E, no entanto, só para relembrar, estamos no mundo dos negócios. A emoção que essas empresas provocam nos clientes faz com que paguem mais pelos produtos e que sejam reconhecidas pela sociedade como excelentes.

Glauco acredita que, aos poucos, essas empresas irão se aproximando uma das outras, como já acontece com as companhias que aderiram ao sistema B, por exemplo. Elas formaram uma espécie de clube do bem que congrega empresas que demonstram aplicar um conjunto de regras de governança rígidas criadas para que atuem preservando o meio ambiente e cuidando da sociedade em que estão inseridas. É como se fossem criando um tecido, uma parcela do mundo dos negócios capaz de lidar com a gestão como uma arte. Afinal, as empresas sempre tiveram um papel fundamental em qualquer sociedade e em qualquer era da história.

Glauco está convencido de que o “tecido empresarial” formado pelas organizações campeãs em gestão modificará a sociedade e o mundo. Juntas, elas vão compor sistemas maiores de produção e geração de bem estar, riqueza e felicidade com potencial para influenciar a sociedade e o mundo. E não vai demorar tanto assim. Esse tecido existirá em 10 ou 15 anos.

Guardadas as devidas proporções, Glauco aponta que, no futuro, falaremos dos líderes da Gestão-Arte com a mesma admiração com que nos referimos a artistas geniais como Leonardo da Vinci, Michelangelo ou, mais recentemente, Picasso, Jack Welch e Lee Iacocca. Ídolos dos americanos, estes últimos já podem ser considerados artistas que imprimiram suas marcas ao emocionar pessoas (por ocasião do lançamento do Mustang, nos anos 1960, Iacocca alugou um navio, chamou os formadores de opinião da época e, já em alto-mar, trouxe o novo carro, pendurado num helicóptero). Esses líderes não são comandantes durões, mas sim pessoas sensíveis. Sonhadoras, corajosas e transformadoras. A arte que praticam − sua gestão − não se aprende na escola, pois é um conjunto bem diversificado de saberes. Eles se tornam instrumentos de transformação social.

As escolas de engenharia e de gestão, aliás, já estão repensando seus métodos e seu papel para tentar ensinar a Gestão-Arte. Não se aprende música, por exemplo, estudando cinco anos de teoria para um dia, e depois, pegar um instrumento na mão. Nenhum dos grandes gênios da música passou por isso. No mundo da engenharia e da gestão deveria acontecer a mesma coisa. Deveríamos, muito mais, aprender fazendo e fazer aprendendo. Teoria e prática andam juntas em todos os campos do conhecimento. A Gestão-Arte passa por inovar, experimentar, realizar, conquistar. Requer tentativa e erro, ingredientes que foram banidos do repertório da pura gestão por resultados. Se esse conceito ganhar terreno, teremos um mundo de negócios muito mais colorido, inspirador, capaz de gerar emoções e conexões. Um mundo melhor.

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