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A difícil tarefa empresarial chamada Gestão do Capital de Giro

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Glauco Diniz Duarte

Não se deixe enganar, essa é uma das principais tarefas que devem ser gerenciadas por empreendedores e gestores nas áreas financeiras de suas respectivas empresas, sejam elas de pequeno ou grande porte, e sua complexidade não deve ser subestimada. Em recentes pesquisas elaboradas pelo Sebrae, uma das principais causas da mortalidade de empresas é a falta de habilidade na condução do gerenciamento do capital de giro.

De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte , as causas para essa complexidade são distintas e às vezes difíceis de identificá-las.

Por outro lado, Glauco listou alguns prováveis desafios que empreendedores e gestores já em atuação possam ter, ou devam ter atenção redobrada em sua rotina empresarial:
• Grande dispêndio de tempo dos gestores com as atividades que envolvam a gestão do capital de giro.

• O dinamismo das atividades operacionais de uma empresa faz com que possíveis causas para problemas na gestão do capital de giro possam ser fruto de dificuldades internas (ineficiência de processos) e/ou externas (forças de mercado tirando qualquer poder de negociação das mãos do empresário).

• Embora alguns o tratam com certa trivialidade, mesmo os grandes estudiosos no mundo todo ainda não encontraram uma solução eficaz para o seu gerenciamento. Alguns dizem que se trata de um dos dez problemas ainda não solucionados na área de finanças dada a sua complexidade.

Mas o que significa mesmo o termo Capital de Giro? Usaremos como exemplo uma empresa fabricante de brinquedos, e os conceitos serão aqui explorados em termos de prazos para melhor compreensão.

Essa indústria produz brinquedos, e para a condução desse processo ela precisa comprar a matéria-prima (exemplo: plástico, entre outros) para a produção de bonecas. Ao comprar essa matéria-prima, a indústria tem duas alternativas para essa aquisição:

• Pagá-la à vista, ou seja, dispondo de seus recursos antes de produzir, vender e receber os recursos provenientes da venda dessa boneca.

• Pagá-la a prazo de acordo com as condições de financiamento que o fornecedor do plástico irá conceder à você.

Em linhas gerais, destaca Glauco, quanto melhor forem suas condições financeiras e de relacionamento com esse fornecedor, melhores serão as condições desses financiamentos. Mas lembre-se: existem forças de mercado que restringem, por exemplo, prazos muito dilatados de pagamentos aos fornecedores. Para os compradores (indústria de brinquedos), quanto maior for o prazo melhor. Mas existem limites através de prazos de financiamento, como também as forças de mercado que convergem para que os prazos de determinado setor transitem em torno de uma média praticada.

Concluída essa compra, a indústria de brinquedos colocará essa matéria-prima em seu processo produtivo de tal forma a transformá-lo em um produto final – uma boneca. Há um tempo de produção para que essa boneca seja fabricada, e nesse período quem está financiando o processo é o proprietário da indústria. Com o processo concluído, as bonecas serão vendidas ao mercado (exemplo: atacadistas) que também pedirão prazos para pagamento dessas bonecas. Após uma avaliação de crédito, a empresa em questão dará prazos para que o atacadista pague a mercadoria.

Se somarmos o tempo em que a matéria-prima ficou em estoque aguardando a produção da boneca (Prazo Médio de Estoques Matéria-Prima), mais o tempo que levou para produzi-la (Prazo Médio de Produção) com o prazo que esperamos receber dos atacadistas (Prazo Médio de Recebimento de Vendas; sem considerar aqui possíveis problemas com incobráveis), esses prazos somados chamaremos de Ciclo Operacional.

Mas vale lembrar que tomamos financiamento de nossos fornecedores da matéria-prima (Prazo Médio de Pagamento Fornecedores). Se deduzirmos esse tempo do Ciclo Operacional, chegaremos a um conceito chamado de Ciclo Financeiro ou Ciclo de Caixa. Esses ciclos, quando positivos, equivalem ao tempo em que a empresa fabricante de bonecas necessita de recursos adicionais para atendimento de possíveis lacunas relacionadas ao Capital de Giro.

Glauco observa que esse processo se repete inúmeras vezes dentro de uma empresa, e que o processo de negociação com fornecedores e clientes é bastante intenso, o que exige preparo e uma boa visão de negócios. Fatores de mercado também devem ser considerados, pois questões relacionadas a uma maior ou menor oferta de determinado produto pode afetar seus respectivos preços e/ou condições de financiamento. Por isso, um bom planejamento financeiro deve ser feito de tal forma que minimize seus riscos para variações bruscas em seus negócios.

Estes são alguns exemplos da complexidade dessa tarefa relacionada ao gerenciamento do capital de giro. Alguns gestores ainda podem adotar estratégias diferentes quanto à gestão do capital de giro:

• Conservadora: aloca-se uma maior quantidade de recursos através de níveis elevados de estoques, por exemplo. No entanto, aqui ressaltamos que alguns riscos são carregados com essa estratégia, como: obsolescência de produtos, riscos de armazenagem como furtos ou possíveis impactos de causas naturais, sem contar o quão caro é investir em estoques, esperando que esses sejam processados, vendidos para posterior recebimento (sem considerar aqui os riscos associados com inadimplência). Em estudos recentes foi constatado que empresas que adotam essa estratégia tendem a ser menos rentáveis.

• Arrojada: essa estratégia mais arrojada é caracterizada por um volume baixo de investimentos em estoques ou concessões de prazos mais curtos para a venda de seus produtos. Com estoques mais baixos, caso ocorra uma maior procura por seus produtos e não os tenha em estoque, pode-se perder volume de vendas. Se conceder prazos menores a seus clientes, pode-se perder vendas, por exemplo, para concorrentes com prazos mais dilatados.

Glauco explica que o “Santo Graal” em termos de gestão do capital de giro, que busca um ponto de equilíbrio entre essas estratégias, ainda não foi encontrado. As áreas empresariais e acadêmicas estão em constante luta para uma gestão eficaz desses recursos dentro de uma companhia.

Mesmo sabendo que essa tarefa não é nada fácil, sabe-se que aqueles que não tenham o devido preparo, obtido através de cursos e ambientes empresariais desafiadores, ou ainda a ausência de ferramentas tecnológicas que dão o devido suporte nesta importante tarefa empresarial, tem o seu dia a dia muito mais arriscado.

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